terça-feira, 1 de abril de 2008

Querer poder ter

Esta luta constante entre o "querer" e o "poder" é algo pelo qual todos já passámos, em diferentes fases da nossa vida.
Quando éramos putos e queríamos todos os brinquedos, todos os doces, todo o tempo para brincar com os amigos...
Quando em adolescentes queríamos a mota, todas as roupas e ténis de marca, todos os "walkman" de última geração, todo o tempo para estar com os amigos e amigas...
Quando mais adultos queremos todos os aumentos, os melhores empregos, o carro, as férias, a casa, a cara-metade certa...
Quantas vezes não fomos confrontados com o célebre provérbio "quem tudo quer, tudo perde" ou com as palavras sábias dos pais ou avós "nem sempre podemos ter tudo aquilo que queremos"? Mas que me lembre, nunca ninguém me disse que eu não podia "querer"...

A conclusão a que chego a maior parte das vezes é que podemos sempre querer. Mas também queremos sempre poder. Que grande confusão...

Exemplificando:
Eu posso querer não estar aqui, neste país cinzento, a 2000 km de distância de onde quero poder estar...
Eu posso não ter querido apanhar o avião hoje de madrugada para chegar a Bruxelas, com frio e chuva, e queria ter podido ficar a dormir na minha cama...
Eu pude não querer voltar ao trabalho e a mais umas semanas de separação "forçada", e quis poder ficar em Lisboa, ao pé de quem realmente importa na minha vida...
Eu podia não querer ter-me magoado nas costas quando pus a mala no compartimento das bagagens de mão do avião, e não queria ter podido ouvir os 300 bebés que foram a chorar o caminho todo...
Eu posso ter querido que o fim-de-semana não acabasse mais, e quis ter podido não ter de interromper a sua eternidade...

Certo de que nenhum de vocês percebeu ainda o que eu quero atingir com toda esta prosa pseudo-filosófica, deixem-me introduzir na conversa um terceiro conceito fundamental: o "ter".
Quando juntamos o "querer", o "poder" e o "ter" o ramalhete fica completo. Assim como uma espécie de santíssima trindade...

Eu quero estar ao pé de quem me quer - mas nem sempre posso,
Eu quero viver, partilhar, experimentar, rir, chorar com quem puder - mas não tenho de,
Eu não quero estar e sentir que estou sozinho - mas às vezes posso,
Eu posso estar longe - mas não quero - mas agora tenho de,
Eu posso e quero ter sucesso,
Eu tenho de conseguir - porque posso e porque quero,
Eu tenho de esperar - mas posso não querer...

Enfim, façam o exercício convosco e logo me dirão os resultados, que podem sempre querer partilhar num comentário a este post... Mas não têm de!!!

O silêncio destes dias deveu-se a um fim-de-semana dedicado a matar saudades de tudo o que me faz querer poder ter aquilo que posso e quero ter.

Até breve.

1 comentário:

Anónimo disse...

Entre o querer, o poder e o ter de... há tudo o que podemos realmente querer, por ter de fazer qualquer coisa que até podemos , mas não queremos...pelo menos naquela altura! Confuso, não é? Mas o mais importante é o que realmente queremos e podemos fazer para tornar a nossa vida melhor e acreditar que somos capazes é meio caminho andado para o "ter de" ser mais fácil de aceitar. Força Telmo ! A tua sogrinha lamechas, que já sabe fazer comentários quando quer e pode, mas teve de aprender primeiro a não escrever para o espaço como disse a Rita!