sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mwanza - Parte III, IV e V; Dar-Es-Salaam - Parte IV e V, Tanzania

Já está!
Terminou e agora a descarga de adrenalina está a produzir o seu efeito e a deixar-me mais relaxado...
O resto do tempo em Mwanza foi passado a trabalhar, a fazer uma viagem de avião no cockpit (quase como co-piloto) até Bukoba e voltar,
e deseperadamente a tentar fazer perceber ao cozinheiro do hotel que Tilapia frita não é a mesma coisa que Tilapia grelhada... O meu último jantar no hotel foi esparguete à bolonhesa só para perceberem a minha resignação.

O regresso a Dar-Es-Salaam foi muito produtivo. Sentado nos últimos lugares do avião, tive tempo e espaço para preparar a reunião final, ouvir música e até dormitar... Em cheio! A estadia em Dar-Es-Salaam foi sempre a trabalhar, a escrever muito e hoje dissemos adeus aos nossos colegas tanzanenses.

Estou em directo de mais um aeroporto internacional, à espera da minha boleia que me vai levar primeiro a Amesterdão. Mal posso esperar para chegar a casa... E há futebolada amanhã à tarde!!!
Para a semana três colegas portugueses juntam-se a nós para dois dias e meio de formação... É pena ser tão pouco tempo, mas vai dar para matar saudades!!

Então até já... Na Holanda...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dar-Es-Salaam - Parte I, II e III; Ilha de Mafia - Parte I; Mwanza - Parte I e II, Tanzania

Sem tempo para nada, é como isto está...
Queria ter começado este post logo no hotel em Amsterdão para vos dar conta do início de mais uma aventura, novamente por terras africanas. Mas não deu, ou não tive paciência, ou... sei lá!
A verdade é que estou aqui e vou tentar resumir o que se passou até agora.

Dar-Es-Salaam - Parte I, II e III.

Tudo começou num vôo de 10h15 da KLM, que fez uma paragem no aeroporto de Kilimandjaro, sob um luar assombroso, ainda para mais quando avistado por cima das nuvens. Também deu para ver o Monte com o mesmo nome, o segundo mais alto do planeta, penso, a irromper pelo meio do manto branco, impondo a sua escura presença à luz da lua cheia. 30mn depois estávamos na capital da Tanzania, Dar-Es-Salaam, com cerca de 24ºC às 23h00... Fomos bem recebidos e logo conduzidos ao nosso hotel.
No dia seguinte demos início às "hostilidades" e fizemos reuniões e visitas. A cidade tem cerca de 3 milhões de habitantes e é sempre muito movimentada. Há imenso trânsito, desorganizadamente organizado. Como se conduz do lado esquerdo da estrada, à "irlandesa" como eu já estou habituado, há imensos carros importados do Japão, assim como carrinhas tipo Toyota Hiace, que são o meio de transporte público mais utilizado por aqui. E vocês ficariam espantados com o número de pessoas que cabe numa carrinha daquelas, acreditem...
Tivemos de atravessar uma baía de ferry, por ser mais rápido do que ir de carro, e foi um ver se te avias para ver quem entrava no raio do barco primeiro!! É muita gente mesmo... Com os seus cestos e cabazes na cabeça, os putos todos atràs, o senhor que vende côcos na bicicleta, o vendedor de jornais e de pastilhas, o vendedor de água e sumos... E não há cá prioridade ou corredores a separar carros e pessoas, é mesmo tudo ao molho!
As estradas não são más... Até saírmos das principais! A partir daí só terra batida, areia, buracos, lombas... Uma verdadeira massagem grátis para as costas!
No sábado ainda se trabalhou de manhã mas depois foi mais descanso/trabalho de computador no hotel, ao mesmo tempo que acompanhava o grande piquenique na Av. da Liberdade, graças à RTP Internacional!

Ilha de Mafia - Parte I.

Que experiência!!! Fomos de avião, num vôo bem curtinho de apenas 30mn. No avião, creio que era um Cessna, só cabiam 12 passageiros e umas poucas de umas malas e até nos podíamos sentar no lugar do co-piloto. A viagem foi impressionantemente bela!!! Tivemos direito a ver a cidade, depois a costa, o mar e os recifes e finalmente a costa da Ilha de Mafia e aterrar na sua pista de terra batida! Pelo caminho, cinco arco-íris decidiram dizer olá, assim como a chuva, que assusta quando bate nos vidros do avião... Ao entrar nas nuvens, a sensação de desorientação é enorme, porque só se vê branco! Mas chegámos bem ao aeroporto de Mafia (podem ver pela foto...).
Na Ilha de Mafia não há mafiosos... nem estradas alcatroadas, nem electricidade! Graças a Deus, ou melhor ao Parque Marinho da Ilha de Mafia, tínhamos uns resistentes Land Cruisers para nos transportarem pelos caminhos da Ilha... Confesso que foi bem giro! O Tio Nuno havia de gostar! Grandes pistas a alternar selva com savana e umas manadas de vacas raquíticas pelo meio!



O cair da noite é algo de mágico... O pôr do sol aqui tem uma cor hipnotizante quando se junta ao azul escuro do céu... É neste lusco-fusco que os morcegos da fruta decidem invadir os céus e emprestar uma atmosfera algo sinistra a este período do dia.
Ficámos alojados num sítio que não tinha televisão ou internet, mas com boa comida e pessoal diligente. No dia seguinte fizemos a viagem de avião de regresso à capital com um instrutor e um aluno. O instrutor tinha passado dez anos em Moçambique e falava português... Adivinhem o que me perguntou primeiro? "Tu és filho de quem?" E eu, meio aparvalhado, respondi... "De uma portuguesa...". Ele começou a rir-se!! Eu acho que ele queria que eu lhe dissesse o meu nome de família para ver se conhecia alguém...

Mwanza - Parte I e II.

No domingo mudámos para 2000km mais a norte, para Mwanza, a cidade mais importante da costa do Lago Victória que pertence à Tanzania . O Lago é o maior do mundo e quando visto do céu digo-vos que parece o mar... É imenso!!! O vôo foi uma estucha... Assentos pequenos, muito calor, enfim nada confortável. O que me safou foi o meu livro de exercícios de espanhol!!! Fiz uma data deles! Ainda tivemos de fazer uma escala em Musoma, pista de terra batida, onde os aviões são acompanhados em corrida do outro lado da cerca por crianças de sorrisos felizes.
No aeroporto de Mwanza, já com alcatrão, vários helicópteros das Nações Unidas estão estacionados à espera que alguém lhes dê utilidade. Este é um ponto estratégico para prestar ajuda aos campos de refugiados que existem junto das fronteiras com o Ruanda e o Burundi, mais a Este.
Estafados, trouxeram-nos ao hotel, cujos quartos têm uma vista sobre uma baía bem calminha do Lago. Tentámos comer um peixinho assado do Lago, a famosa Perca do Nilo, mas só havia Tilápia... Então que seja, mas grelhada! Veio frita... Mas estava boa.
A vida em Mwanza é tão mexida e apinhada como na capital, mas os recursos são menores e a pobreza mais evidente. Ao afastarmo-nos do centro, rapidamente a paisagem passa a savana, com montes de pedras redondos, aqui e ali, perigosamente empilhados por anos e anos de fenómenos geológicos naturais, e aldeias de casas de paredes de terra e de telhados de folhas de palmeira. Vacas e cabras passeiam enganadoramente livres, sempere debaixo do olhar atento dos míudos pastores que nos olham espantados e acenam sorrindo enquanto desaparecemos numa nuvem de poeira... O meio de transporte mais utlizida nestas zonas, se existir, é a bicicleta que muitas vezes também serve para dar boleia aos amigos e vizinhos.
Hoje, depois de mais um dia de visitas, tentámos novamente a nossa sorte com a Tilápia grelhada... Afinal não há grelhador, porque precisam de instalar um exaustor por causa do fumo... Tentámos explicar ao cozinheiro que queríamos o peixe o mais simples possível, sem molhos... Veio mais assado no forno, menos frito, e com molho de tomate... Pode ser que amanhã ele acerte!

E pronto, fico-me por aqui... Até já!