quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aeroporto de Schiphol, Amsterdam

De regresso ao meu continente e daqui a pouco à minha ilha... É a primeira vez que regresso a meio de uma semana, o que quer dizer que amanhã tenho de ir trabalhar sem ter aquela descompressão pós missão que os fins-de-semana proporcionam. Mas não pensem que me estou a queixar, porque não estou!
Durante a manhã de ontem, o "grande" ficou entrevadinho do pescoço e das costas e teve de ir a uma farmácia... Adivinhem quem teve de acabar o documento para a reunião final? O "míudo", claro está! Lição nº... Já não sei, perdi a conta. Fartei-me de aprender, bolas!
Depois da reunião final, ainda tive tempo para correr pelo centro comercial de Accra e arranjar uns postais (que só devem chegar lá para a semana que vem, mas consegui!) e mais umas lembranças. Para o mano, especialmente... uma camisola dos Black Stars!!! Mas não é a branca porque não havia o teu tamanho, nem maior. Vais ter de usar as das riscas, eheheh!
Ainda tivemos tempo de ir a casa da amiga do "grande" onde pudemos trocar de roupa e descontrair um pouco antes da viagem. Ficaram curiosos com o meu nome, pois nunca tinham ouvido um igual. No aeroporto, já depois do checkin, a espera para o embarque foi caricata. Uma senhora ganesa da KLM anda pelos corredores da sala de embarque com um megafone vermelho a explicar aos passageiros os procedimentos de embarque. Isto ao mesmo tempo que televisões de tamanho considerável e volume altíssimo entretêm os passageiros.
O vôo foi pacífico, apesar de uns chuviscos e relâmpagos pouco depois da partida. Assusta um bocado vê-los pelas pequenas janelas, parece que estamos no meio da tempestade e que a qualquer momento podemos ser atingidos por um raio descontrolado. Mas como disse, foi tranquilo, até porque como não ia cheio pude escolher um lugar isolado, para estar mais à vontade. No avião, decidi experimentar o duty free e comprei um relógio, da marca suiça Mondaine e um perfume. Confesso que foi um mimo por ter aturado o "grande" durante a missão e também achei piada ao relógio por ser aquele que os caminhos de ferro suiços usam.

Quem lê este blog com menos regularidade talvez não se recorde, mas ontem, há oito anos atràs, tive um dos dias mais felizes da minha vida. Casei com a "mulher da minha vida" e tinha projectos e planos para um futuro a dois. Muito se passou desde esse dia... O casamento teve o seu fim em Maio, mas tanto agora, como naquele dia 7 de setembro de 2002, o meu desejo é que essa extraordinária, inteligente, responsável, sensível, divertida e verdadeira amiga seja muito FELIZ! A outra coincidência feliz seria que hoje, dia 8 de setembro de 2010, faríamos 15 anos de namoro. Um bocadinho menos de metade das nossas vidas! Mas não há remorsos, nem arrependimento, só memórias boas. E ainda a noção de que temos muito mais anos pela frente para encontrarmos o caminho da felicidade.

Dá-se por encerrada mais uma missão, e uma série de posts, mas a ver se não desapareço daqui durante tanto tempo... Continuo a dever-me um post sobre a passagem da minha mãe pela ilha em Maio passado, outro sobre as minha férias em Portugal... Enfim, haja tempo!
Um abraço a todos!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mahogany Lodge, Accra, Ghana - Part VII

Princípio de semana, fim de missão. Hoje foi o último dia de visitas. Foram duas e não tivemos, novamente devido ao "grande", direito a almoço. É incrível como se pode ser tão pouco sensível às necessidades dos outros, isto, claro está, porque nos abastecemos no supermercado e comemos no carro (é favor não incluir o "míudo", ou seja eu, neste nós) e os outros, neste caso os colegas ganeses, que por lei devem ter a sua pausa para almoço entre as 12h30 e 13h30, não têm direito a nada. Continuo a aprender, e muito! Para não falar da arrogância com que se pede para desligar o rádio ou com que se diz ao motorista para ele parar de fazer ponto de embraiagem porque está a estragar o carro e que, se fosse com ele, ele não durava cinco minutos, porque só sabiam destruir o que não lhes pertencia. Mais liçoes, meus amigos, mais lições... E eu a aprender!!
Cúmulo dos cúmulos, quando regressámos ao hotel, os coitados ainda tiveram de levar o "grande" a uma praia para ver se era seguro correr por ali... Cheios de fome e terem de levar com esta peça...
Não consegui ter tempo nenhum para encontrar postais ou recordações do Ghana (nem para tirar fotos...), mas tenho esperança que o possa fazer amanhã à tarde, antes de partir. Mesmo que os postais cheguem depois de eu ter regressado a casa, não faz mal, pois não?
A constipação/gripe/amigdalite ou lá o que é, vai levar a última dose de bactericida hoje à meia noite. Espero não apanhar outra nos próximos tempos... Quero voltar a jogar futebol e fazer exercício!!
Quando voltar, tenho já uns quantos planos na manga, sendo que o mais urgente é a organização do dia do desporto lá no escritório. Vamos ter jogos tradicionais, um castelo insuflável, "sumo wrestling" nuns fatos insufláveis, um "Elvis" e BBQ durante a tarde toda. Espero que o tempo ajude. Ah! E que a minha nova ZON box HD+ esteja à minha espera... SportTV HD aqui vou eu!!
Não sei se este será o último post desde Accra... Mas não será certamente o último desde África. Em Novembro haverá mais.
Até breve!

domingo, 5 de setembro de 2010

Mahogany Lodge, Accra, Ghana - Part VI

Domingo... Que pasmaceira de domingo... Quer dizer, dormi até mais tarde, tomei um pequeno almoço reforçado e trabalhei até ao meio dia e entreguei ao "grande" o que tinha feito. Entretanto não havia net e ir até Accra sozinho não me estava a apetecer... Peguei no meu livro de cabeceira "A Ira de Deus", sobre o terramoto de Lisboa de 1755 e devorei-o durante umas horas, perto da piscina, até ser hora de tomar o antibiótico.
Enquanto lia o meu livro sossegadinho, apareceu uma senhora americana de idade já avançada, pele muito curtida, bronzeada, baton vermelho vivo nos lábios e um vestido muito colorido, de seu nome Wendy, que me abordou da seguinte forma: "Desculpe, sou americana, ficaria ofendido se lhe pedisse para me ajudar com o fecho eclair?". O meu cérebro parou dois segundos, juro! Respondi: "Claro que não. Quer que a ajude a fechá-lo?". "Não, não... a abri-lo se faz favor!". Lá abri o fecho à Wendy, que decidiu ficar ali a conversar comigo, com o fecho aberto, a dizer que trabalhava para o estado americano, num programa de prevenção contra a SIDA, ensinando os militares ganeses a como educar a população. Já tinha trabalhado em 28 países diferentes, quebrou o protocolo hoje porque foi de táxi sozinha para Accra e disse-me que havia uma peça de teatro muito boa a estrear hoje no "National Theatre". Achou piada ao meu nome, ao que eu fazia ali e ainda conseguiu perceber o título do meu livro. Depois, desapareceu tão depressa como apareceu...
Depois almocei e vi o jogo Suazilândia-Ghana de quailificação para a taça das nações africanas de 2012 (o equivalente ao nosso europeu). O Ghana ganhou 2-0 e bem. A net acabou por voltar e distraiu-me por mais um bocadinho e umas séries na televisão também.
Uma curiosidade: a manteiga que servem aqui ao pequeno almoço é da marca "Kerrygold", uma das marcas de manteiga mais conhecidas na... Irlanda!!! Faltam mais duas noites e estou de volta a casa... Está quase.
Boa semana para todos!

sábado, 4 de setembro de 2010

Mahogany Lodge, Accra, Ghana - Part V

Sábado de trabalho. Há muito que não me acontecia. E até estava a correr bem até à hora que decidimos parar, por volta do meio-dia... A partir daí foi o descalabro. Continuando na senda da aprendizagem com os "grandes", hoje tive direito a mais uma lição sobre como perder ainda mais tempo desnecessariamente. Então é assim: passamos a noite em casa de uma amiga e de manhã, 10mn antes do carro nos vir buscar ao hotel, ligamos ao colega (eu, o "míudo") a avisar que já estamos na cidade, para eu não ficar preocupado por não o ver no hotel, e que já sabem onde o podemos ir buscar. Devíamos sair às 09h00 do hotel, directamente para o porto de pesca de Tema... Quando chegámos ao pé do "grande", eram 10h00, porque ninguém sabia onde era a embaixada do país x, e ele estava todo contente no jipe da amiga, com o seu saquinho de roupa lavada... perdemos uma hora e meia com a brincadeirinha. Excelente técnica, devo dizer. De se lhe tirar o chapéu.
Deu-me tempo para ver o palácio presidencial, cuja construção foi inspirada pela forma típica de un barco tradicional. Muito imponente e até tem um hospital e tudo. É tipo a Casa Branca, como eles gostam de dizer.
Não sei se foi por ser sábado, mas a riqueza de vendedores de rua bateu os recordes todos... Havia: dvds, cds, sapatos, chinelos, meias, mapas de Accra e do Ghana, amedoins, fritos de várias formas e tamanhos, óculos de sol, relógios, pulseiras, super-cola, spray para limpar o pó, líquido para bochechar... Enfim, e todos os outros items dos posts anteriores!!!
Vi uns cinco cortejos de casamento, ocasião muito importante na vida dos ganeses, assim como os funerais. Cores dominantes nos casamentos são o branco e o vermelho, mas o cor-de-laranja e o amarelo também se juntam à festa.
Como disse antes, parámos por volta do meio dia e a partir daí começou o azar. O "grande" decidiu que queria comprar frutas na beira da estrada ou num supermercado e com essa missão tão importante seguimos caminho. Apanhámos filas, e filas, e filas, e filas e filas de trânsito porque os colegas decidiram levar-nos por uma estrada junto ao mar, talvez mais pitoresca ou apenas em direcção a um supermercado. E até foi, mas demorámos uma eternidade... Duas horas depois, decidiram para num restaurante para almoçarmos (e já vinha mesmo a calhar) e o "grande" disse muito rispidamente: "vamos parar?". Responderam-lhe: "Sim, para almoçar e depois seguimos até ao supermercado e depois para o hotel". "Ah, mas eu não preciso almoçar, podemos ir para o hotel e vocês devem querer estar com a vossa família, como é sábado... E tu Telmo, precisas de almoçar?". Eu disse: "O problema não é eu precisar de almoçar, é eles precisarem de almoçar...". O chefe dos colegas, que ia a conduzir o nosso jipe, decidiu então separar-se do carro dos outros colegas e seguiu connosco, enquanto os outros ficaram a comprar o almoço (soube mais tarde que acabaram todos por ir comer no escritório, num sábado, às 16h30...). Mais trânsito, mais um atalho e mais filas até chegarmos à entrada do parque do supermercado. O "grande" decidiu abrir a boca outra vez: "Mas não há um sítio onde eu possa comprar 3 maçãs e 1 ananás sem andarmos às voltas?". E eu, já com a mostarda a dar sinais de que não tarda ia chegar ao nariz, respondi: "Como não vamos todos ao supermercado, vais andando com um colega enquanto nós entramos no parque e depois vens ter connosco, está bem?". E lá foi, depois de me ter perguntado se eu queria alguma coisa... Quero, pá! Quero que me desapareças da frente! Fónix!... A resposta foi mais: "Não obrigado, não preciso de nada." Três sacos amarelos cheios de fruta e iogurtes depois, pudemos continuar até ao hotel onde chegámos às 16h00... três horas e meia depois de ter acabado o trabalho. Não pude deixar de sentir pena dos colegas que, abdicando do seu sábado em família, ainda estavam com paciência para nos aturar ao almoço e acabaram por levar uma nega tão deselegante, para não dizer outra coisa. Fiquei envergonhado e com vontade de me enfiar num buraco, acreditem.
Matei a fome depois de 8 horas de jejum com umas costeletas de porco, batatas fritas com ketchup Heinz de garrafa de vidro, o verdadeiro, e uns vegetais para compor o prato. Soube que nem ginjas!
Amanhã haverá trabalho, mas sem sair do hotel. É dia de por as notas que tirei durante as visitas em ordem e depois mandar tudo para o "grande" fazer o seu trabalho.
Boas noites!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mahogany Lodge, Accra, Ghana - Part IV

Sexta-feira, véspera de fim-de-semana... mas amanhã trabalha-se na mesma. Até faz um certo sentido porque ficamos cá pouco tempo (graças a Deus!) e precisamos de recolher as informações necessárias. Entretanto continuo a aprender com os "grandes" as artes de como perder tempo por tudo e por nada... Ele é "desligue o ar condicionado" ou "aumente a temperatura" ou "desliguem as ventoínhas" ou "desligue o rádio" ou "vou tossir alto e repetidamente porque não sei o que dizer agora"... Tudo isto sem um "se faz favor" e às vezes até com umas tiradas do género "dêem-me o comando do ar condicionado que eu trato disso...". E com isto já foram uns 15mn... Brilhante!
Os nossos colegas hoje vestiram o uniforme de sexta, que é como quem diz, camisa de mangas curtas, com os coloridos padrões do Ghana. Neste caso eram azuis, brancos e pretos. Fizeram-me lembrar os colegas das Ilhas Fidji que também tinham um uniforme para cada dia da semana.
Entretanto hoje foi um dia muito rico em deslocações pelo que pude ver mais ainda do Ghana, mais concretamente de uma cidade chamada Tema. No caminho de Accra para Tema, na autoestrada (sim, eles têm uma...) vimos um camião na berma, meio encavalitado, sem razão aparente. O nosso motorista disse logo "adormeceu!". Parece que é comum por estas paragens...
Dizem que Tema é a cidade industrial do Ghana e até sou capaz de acreditar nisso. Mas têm umas estradas que minha Nossa Senhora! É só buracos, crateras e mais buracos e mais crateras... Mas não há veículo, pequeno ou grande, que não passe por elas. Em frente a uma grande refinaria, estavam milhares de camiões cisterna, uns tamanho TIR outros mais pequenos, arrumados em paralelo, à espera de se abastecerem. Isto gera logo oportunidades de comércio, e esta gente como tem muita agilidade mental, trata logo de descobrir o negócio mais adequado. A comida rápida é uma constante, depois temos os jogos do azar, tipo raspadinha e lotarias, a seguir as bebidas e por fim as oficinas mecânicas a céu aberto. Aqui arranja-se tudo, desde autocarros a bicicletas e se não houver peças, pede-se ao vizinho do lado. Há também a venda de cartões "SIM" da rede MTN; são um êxito! Os camiões cisterna são quase todos brancos e cor-de-laranja, com letras garrafais "highly inflammable" na parte de trás, como que a dizer "se me tocam, expludo!". Vi também mais miséria, casas menos sólidas e mães com vários filhos a morar em sítios degradantes, onde se lava a roupa no canal que passa na berma da estrada. Passámos também por uma lixeira a céu aberto, algo que já não via há muito tempo, onde o lixo está constantemente a arder em vários sítios nos diferentes montes negros que se avistam de longe, libertando um fumo acinzentado, carregadinho de dioxinas e de um cheirinho nauseabundo. Pelos montes sujos, pessoas vão percorrendo os restos dos outros em busca de algo que os sustente... Vi um grupo de homens que saíram numa carrinha carregada de peças de metal apanhadas na lixeira, certamente para as reaproveitarem nalguma oficina. Ao lado da lixeira, do outro lado da estrada de pó, moram famílias inteiras, sem água, nem luz... Isto num país que tem imensos recursos naturais. Dá pena... E nem apetece tirar fotografias.
No capítulo vendedores de rua, vi autênticas fábricas de móveis de madeira à beira da estrada, com direito a exposição para venda. O IKEA que se roa de inveja!!
No regresso ao hotel, apercebi-me que quase todos os carros, novos e velhos, têm uns autocolantes reflectores brancos de cada lado do pára-choques da frente e uns vermelhos atràs. E os táxis têm mais uma caracteristica: matrícula amarelas!!
Ao jantar, uma sopinha de galinha, com natas e pãozinho para ajudar a engolir o empate de Portugal com o Chipre, por 4-4... Que vergonha! E finalmente, soube via BBC, a sentença do caso Casa Pia! Foi tudo condenado, excepto uma pessoa. Mas tenho a certeza que agora vai tudo recorrer da decisão e lá vamos nós ver isto tudo ser arrastado por mais uns anitos... Que vergonha outra vez!!!
Bom fim-de-semana para todos!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mahogany Lodge, Accra, Ghana - Part III

Dia muito cansativo para quem ainda tem de tomar antibióticos e não se sente em forma. Chegámos ao hotel por volta das sete da noite, depois de enfrentar mais umas quantas filas de trânsito e semáforos avariados.
Como tivemos de nos deslocar mais longe, pude ver mais um pouco do sul do Ghana. Vi partes de savana deserta onde só falatavam mesmo os leões, as girafas, as hienas e os elefantes. Também vi imenso comércio local de beira de estrada, sobretudo "block factories" que não são mais do que uma barraca com dois ganeses a fazer tijolos de terra. Há imensos e parece que há mercado para eles. Depois vêm as habituais casinhas de comidas típicas várias e mais uns quantos trabalhadores de ferro, cuja especialidade são os portões, e finalmente os remendadores de pneus. O sol esteve quente e a luz por estas paragens é diferente porque a nossa sombra quase nunca se afasta muito... Estamos perto da linha do ecuador, daí essa impressão.
Ontem acabei por não vos contar que os taxis por aqui também têm as suas particularidades. São carros de todas as marcas e modelos, com as suas respectivas cores originais, sendo que o que os distingue dos restantes são um sinal no tejadilho que indica a palavra "taxi" (mas sem ser igual para todos) e os quatro cantos da carroçaria serem... Cor-de-laranja! E hoje até vi vendedores de almofadas e edredons no meio das filas de trânsito!!
Comi uma sopa de cenoura ao jantar que era... Amarela. Não sei que cenouras eram, mas até me soube bem.
Amanhã há mais. Inté!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mahogany Lodge, Accra, Ghana - Part II

Dia sem visitas mas sempre em reunião com os nossos colegas que são bastante simpáticos e descontraídos. A maior parte são homens, falam inglês para dentro, quase imperceptível por vezes. No entanto, uma das colegas tem um tamanho impressionante!!! Nunca vi uma mulher assim... Deve fazer dois de mim em largura e tem um peito tão grande que não se consegue ver o pescoço! Indescritível! A sério! Mas, tal como os outros, muito prestável e bem disposta.
Continuo na minha senda assassina, com a ajuda da penicilina, para terminar de vez com a "bacteriagem" que vai aqui por dentro. Está a ir... mas devagar. É de 8 em 8 horas que lhes dou forte e feio. É o que temos. Para além disso há o nariz... que está entupido. Entupido como um deserto, onde tudo secou e se acumulou ao longo de gerações e gerações de muco infectado, que só me dá dores quando faço alguma careta mais parecida com aquele tipo extraterrestre do "Men in Black" que vestiu a pele de um humano, curta demais para o seu tamanho. E quando me assouo? Nem vos conto... Às vezes parece uma saída precipitada do Estádio da Luz, por uma só porta, de milhões de adeptos benfiquistas... Não é bonito, é o que vos digo...
Ao almoço, que os colegas entenderam ter de ser numa sala à parte para termos privacidade, comi arroz branco com peixe frito. Estava bom e nem parece nada de extraordinário, pois não? Então tentem lá comer duas postas de peixe frito com uma colher de plástico (único talher disponível...)!! Já torna tudo extraordinário, não é?
Como acabámos mais cedo, pude apreciar a vida quotidiana nas ruas de Accra:
- Filas de trânsito a perder de vista (16h30 é a hora de ponta) em vias de três faixas para cada lado (eles são 3 milhões só aqui...);
- autocarros-carrinhas de 9 lugares, com o cobrador a acenar constantemente pela janela para os passageiros que aguardam nas paragens;
- carrinhos a vender comida, bebidas e outros nas bermas;
- vendedores de tudo, mas mesmo de tudo (pentes, graxa de várias cores, pastilhas, revistas, jornais, cartões de telemóvel, doces, controlos remoto para televisão, amendoins...), que transportam os bens das formas mais imaginativas mas a de ter tudo em cima da cabeça é a que colhe mais favoritismo;
- um empregado com uma bandeira verde e outra vermelha nas mãos a fazer de semáforo numa passadeira;
- os carros da polícia, militares ou diplomáticos a ultrapassar no meio da faixa.
Amanhã haverá mais deslocações, por isso espero mais experiências típicas.
Ah! E ia-me esquecendo... Confesso que sou um "míudo" ao pé dos "grandes"... Hoje, um "grande" mostrou-me como se é capaz de perder umas boas, sem exagero, duas horas a falar de absolutamente nada de jeito e que já podia ter sido tratado e decicido há pelo menos uma semana atràs... Também aprendi como "des"fazer uma apresentação... Brilhante!
Como dizem os espanhóis (e já agora aproveito para dizer que tive 95% no meu exame de espanhol nível 4, olé!), "!no te acostaras, sin saber una cosa más!". Ah pois não!
Hasta mañana!