sexta-feira, 27 de maio de 2011

Murmansk (e Kirkenes, Noruega) - Parte II a V, Moscovo - Parte V e VI, Astrakhan - Parte I a III, Moscovo - Parte VII e VIII, Russia

Que longo título!
Tudo porque durante estas duas semanas foi muito difícl vir aqui contar-vos as minhas aventuras porque o cansaço foi mais forte e ao final do dia precisei sempre de uns minutos de paz e sossego e de às vezes trabalhar.
Enquanto estive em Mursmank, choveu, nevou, estiveram -10ºC à noite e dois dias depois estava sol e calor... Tive a sorte de ir de carro até Kirkenes, na Noruega, um porto de pesca muito importante para os russos. Pelo caminho passámos por uma zona altamente militarizada com os respectivos controlos de passaporte. E passar a fronteira foi "à antiga", quando os países europeus ainda tinham fronteiras: sair do carro, mostrar documentos, carimbos, olhares estranho para um passaporte português naquela parte desolada da terra... Enfim, uma aventura! A paisagem mais recorrente durante o caminho, que ainda durou uma horinhas, é feita de lagos gelados, neve espalhada ou a cobrir montes, vegetação rasteira e muito frio e vento. O contraste com algumas aldeias de blocos de apartamentos na Russia é gritante com as vivendas individuais e cheias de bom gosto dos Noruegueses. Almocei num navio-fábrica, um peixinho frito bem cozinhado e tudo! O resto do tempo em Murmansk foi passado a trabalhar e depois ponho aqui algumas fotos da cidade industrial e cinzenta.
O fim-de-semana do meio foi novamente em Moscovo, mas depois de uma chegada muito tardia ao hotel porque Moscovo não pode parar... Trabalhos na autoestrada reduziram o número de vias de 7 para 2, por isso tivemos de esperar quase 3 horas para poder pousar a cabeça nas almofadas fofinhas do Hotel Kempinski.
A última semana da missão foi mais a sul, em Astrakhan, cidade muito perto da fronteira com o Kazaquistão. No delta do rio Volga, esta cidade é um outro lado da Russia... Mais rural, mais empobrecida, muito calor (estiveram 27ºC na terça) e uma beleza natural inerente à fertilidade que os braços do rio emprestam à região. Vi muitos animais, inclusive vacas e ovelhas a passear no meio da estrada, que muitas vezes nem alcatrão tinham. Pudemos provar caviar de Perca, que tem uma cor amarelada e é um pouquinho salgado, mas bom. As visitas correram bem, o hotel não era mauzinho e na quarta-feira regressámos a Moscovo.
Depois de uma última visita, foi tempo de preparar a reunião final e tentar relaxar... Relaxei tanto que, por achar que ia tomar o pequeno almoço ao Starbucks do lado, podia comprar uma caneca para o meu irmão e a sua namorada... Pois... Hoje fui lá tomar o pequeno-almoço e... Boca! Nada de canecas de Moscovo porque estavam esgotadas!!!! Que pena... Tentarei compensar com algo que chegará pelo correio (mano fica atento e depois diz-me se gostas!).
Com a reunião final no bolso, levaram-nos a um sítio panorâmico para termos uma perspectiva diferente de Moscovo. Vi a Universidade de Moscovo (que alberga 30000 alunos e da qual se diz que se pode viver lá dentro durante 5 anos sem sair! Parece que eles têm tudo, tipo lojas, restaurantes, barbeiros e cabeleireiros...) e o estádio do Olímpico de Moscovo, o Luzniki, onde costuma jogar o Spartak de Moscovo. Tirei uma foto, mas isso fica para o outro fantástico blog, o FutLOL, onde costumo mandar uns bitaites.
Este post segue do lounge do aeroporto de Sherementyevo, mais um na lista dos muitos por onde passei, cheio de saudades de casa, de Portugal, da família e dos amigos e hoje especialmente do meu avô... Parabéns!

domingo, 15 de maio de 2011

Murmansk, Russia - Parte I

Acordar às 5 da manhã num Domingo é só mesmo por necessidade... Há outros que ainda estão acordados e a sair dos muitos clubes nocturnos de Moscovo... Mas tínhamos de vir para Murmansk para prosseguir o nosso trabalho. Moscovo é tão grande que até às 6 da manhã de Domingo há trânsito e filas, bolas... No aeroporto corre tudo tão bem que deu para tomar o pequeno-almoço nas calmas, ler umas leis russas e um pouco do meu livro de cabeceira “Cosmofobia” da autora Lucía Etxebarría. Muito bom! Mas alguma coisa estava para acontecer... No autocarro, uma senhora de idade deu-me tanta pena... Estava completamente perdida... Era a primeira vez que ia viajar de avião, mas não sabia como lá ir ter, achava que tinha que comprar um bilhete de autocarro e tudo... Coitadinha! (Eu sei isto tudo porque o interprete estava ao meu lado e contou-me... Ainda não sei russo!). Mas no avião aconteceu o melhor: o Telmo estava ensonado e quando apareceu a hospedeira de bordo para levar o meu tabuleiro, prestavelmente entrego-lhe e depois faço a asneira de entornar o copo ainda cheio de água pelas minhas pernas e acento abaixo... O resto da viagem foi feito com aquela sensação de “fralda molhada”...
Aterrámos na única pista do reduzido aeroporto de Murmansk. Estou 250km acima do círculo polar ártico (o que significa que são neste momento 23h46 e está tanta luz lá fora como se fossem cinco da tarde...) e estão uns agradáveis... 15ºC!!! É verdade! Disseram-nos que foi o primeiro dia de calor e sol que tiveram durante as últimas semanas onde o frio e a neve reinaram. A cidade parece-me velha, sem manutenção, muito dos anos sessenta... Há imensos monumentos a Lenine, imensa indústria pesada e um porto militar e comercial estratégicamente importantes. A minha vista do quarto dá para a praça dos cinco cantos (vá-se lá saber porquê...) e ao longe, no cimo de uma colina, para uma estátua de 35m que presta homenagem ao soldado desconhecido.
Almocei um delicioso bife de rena com arroz selvagem, depois de um pequeno passeio ela principal rua da cidade, a Avenida Lenine pois claro! E agora já é quase meia-noite e tenho de ir descansar... Mas antes, uma foto para mostar-vos a luz que está lá fora!!!

Moscovo, Russia - Parte I a IV

Parte I
Num avião cheinho de russos que foram certamente fazer compras a Paris, calhou-me o lugar 27A, numa janela bem lá atrás e ao lado de um puto russo que passou o tempo todo a mergulhar a cabeça já adolescente no colo da mãe para dormir. Foram três horas e 55 minutos bem compridos que tentei encurtar com a leitura de uma das minhas revistas favoritas de cinema, a "EMPIRE" (ainda não fui ver o “Thor”... e o “Captain America” nunca mais estreia!!).
A aterragem foi já ao cair da noite mas pela janela do avião ainda se conseguiu vislumbrar a imensidão plana desta parte do globo, onde florestas e planícies se confundem... Mais perto de Moscovo, torres altas de apartamentos contrastam em altura com os locais onde foram construídos. Aterramos numa moderna pista e correpsondente terminal. Grandes letras em círilico anunciam que estamos no aeroporto de Moscovo – Sheremetyevo.
Após uns exigentes controlos de passaporte, visto e cartão de migração (era uma funcionária novinha mas muito zelosa...), recolhemos as malase pusemo-nos a caminho do hotel. Atravessei avenidas, que mais parecem autoestradas, de 3 a 7 vias para cada sentido, a velocidades escandalosas e pelo meio do trânsito igualmente veloz e sempre a mudar de via para escapar a algum veículo mais lento... Sim, porque os há por aqui, alguns até a cair aos bocados! Rodeámos a famosa Praça Vermelha e o Kremlin, bem iluminados, e depois de atravessar uma ponte para o outro lado do rio Moscou apareceu o hotel numa esquina priveligiada, com vista para os monumentos mais famosos da cidade. Ficámos alojados no Hotel Baltschug Kempinski, que segundo o meu entendido irmão é um hotel de jeito. E ele tem toda a razão porque o meu quarto era ENORME!!! Com um pé direito de 5m, três janelas gigantes e uma distância da cama à televisão que nem o LCD de 56cm consegue esbater, dava perfeitamente para jogar squash! O senão disto é o preço do quarto (é tão proibitivo que não me atrevo a dizê-lo...) e de uma qualquer migalha que se coma (estamos a falar de um pequeno-almoço básico, não incluído, de cerca de 35€...). Salvou-me o Starbucks na esquina seguinte que felizmente abre às 07h30 com milhentos tipos de café, bolos, muffins, sandes e croissants a preços bem mais competitivos!

Parte II
Primeiro dia de trabalho “à séria”. As reuniões e visitas do costume com uma pausa para almoço que se fez num restaurante típico ucraniano que até menu em português tinha. Foi então que pude constatar como uma garrafa de vodka nesta terra desaparece num instante. Ele há brindes a tudo e mais alguma coisa e também a nada. Educadamente brindámos, mas sempre só com um copo... Estamos aqui para trabalhar! Só para lembrar aos mais cépticos... No final do dia tive o primeiro contacto com a magnitude da Praça Vermelha e da Igreja de S. Basílio (aquela que parece um bolo, com aquelas cúpulas todas coloridas). Passei em frente ao mausoléu do Lenine, de cuja varanda todos os líderes russos, ou melhor dizendo soviéticos, aceneraram às tropas em parada, tendo como pano de fundo a muralha do Kremlin. Curiosamente, no lado oposto, um centro comercial a fazer lembrar as galerias da Grand Place em Bruxelas, ostenta as lojas das marcas mais caras do mundo. Mas por fora (e por dentro também, vejam lá mais à frente...) fica bem bonito quando é iluminado por milhares de luzes que desenham o seu contorno.

Parte III
Mais um dia de trabalho, com direito a massagem grátis nas costas: 2h30 de carrinha pela autoestrada mais cheia de lombas e buracos que já vi na minha vida!!!! O motorista bem que tentou ser mais esperto que o asfalto danificado, mas o resultado foi uns 598 a 3... Ao sair, e depois ao regessar, de Moscovo pude constatar que a altura média de um bloco de apartamentos varia entre os 5 e os 17 andares, sendo que os segundos são bem mais frequentes. A ligar este megablocos habitacionais, fios de electricidade voam de prédio para prédio num emaranhado esquisito que se repete também ao nível dos postes de iluminação da rua. A juntar à esta festa ainda temos os fios que alimentam aqueles autocarros-eléctricos (como os de Coimbra – ainda existem, não existem? É que estando fora de Portugal há já tanto tempo, as coisas vão-me escapando... como o túnel da CRIL já estar aberta por exemplo!!!) que existem por aqui e os eléctricos (dos quais existem pelo menos três formatos diferentes). As diferenças sociais por aqui são evidentes até nos carros: há de tudo, é verdade, mas os extremos são os que mais se notam. Desde o modelo mais recente do Cadillac Escalade, até ao mais podre Lada ou Volga. Mas uma coisa todos têm em comum: seja de série ou com a ajuda de uns plásticos pretos colados no interior dos vidros, todos têm vidros escuros pelo menos atrás!!!
Moscovo tem muita, muita gente... É considerada a maior área metropolitana da Europa, a sétima maior cidade do mundo e tem tanta população como Portugal inteiro...
À noite, jantamos noutro restaurante típico ucraniano, também com menu em português. A comida ucraniana é boa e recomenda-se! Agora... Por onde anda a comida russa? AH!É verdade... provei os famosos biscoitos russos da cidade de Tula!

Parte IV
Um sábado logo no princípio de uma missão é algo raro... Com mais uma visita ao meu preferido Starbucks de Moscovo, aguentei estoicamente uma visita ao Kremlin num dia chuvoso e cinzento. Escolhemos bem o dia porque se estava a comerar os 1000 dias até aos jogos olímpicos de inverno que vão ter lugar na cidade de Sochi em 2014... Conclusão? Praça Vermelha vedada por causa de um concerto que ia acontecer mais tarde, acessos condicionados por causa de uma maratona associado aos festejos... Mas nós não desistimos! E no mais típico comportamento russo decidimos que tinhamos de visitar o Kremlin e que não passava daquele dia. Assim foi. Mas apanhámos tanto chuvinha, meu Deus... Primeiro visitámos a “catedral bolo” que tem nada mais nada menos que 10 igrejas lá dentro! E um coro, só de vozes masculinas, que cantava cada vez que se pagava. Depois, já no interior do Kremlin, há palácios do governo (um deles com um teatro) e do senado, um arsenal e cinco catedrais, as quais visitámos à borla (tinha de haver alguma coisa de positivo no meio disto tudo, não?). Entre ovos do joalheiro francês Fabergé, portas adornadas por esculptores italianos e frescos da época medieval a cobrir por inteiro as paredes interiores de algumas catedrais, fomos alegremente de embasbacanço em embascanço... Ao voltar, decidimos abrigar-nos nas galerias comerciais de que vos falei acima. Impecavelmente limpas, decoradas com um bom gosto invejável, até uma fonte interior apresentam, rodeada por árvores em flôr... Está quentinho e não apetece sair para a chuva... Hei-de voltar, nem que seja para um café.
No exterior, já a maratona tinha acabado, acumulavam-se camiões e camiões do exército ao lado da ponte, e na ponte, que dá acesso ao hotel. No interio, jovens soldados russos imberbes, dormitam de boca aberta para o vazio...
Já no quarto do hotel decido que um banho de espuma bem quentinho me vai pôr como novo... De roupão e chinelos, todo enxuto, assisto despreocupado ao Blackburn vs Manchester United num qualquer canal russo enquanto saboreio um wrap de salmão, ovo cozido e alface made in... pois claro... Starbucks! A rematar, dois chocolatinhos negros oferta do lounge da Air France do aeroporto CDG... Mnham!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Benvindo de volta!

A mim mesmo, claro!
Depois de mais uma temporada de silêncio bloguista, sobretudo preguiçoso acreditem,aqui estou de volta.
Em directo e ao vivo do Aeroporto de Dublin, a caminho de Paris e com destino final Moscovo. A Federação Russa é a próxima missão... Uma longa missão diga-se já que vamos lá ficar até dia 27 de Maio. Somos quatro (por agora três, o quarto há de se juntar a nós em Paris) e mais quatro intérpretes.
O plano das visitas espera cobrir os quatro cantos da Russia e eu vou tentar dar-vos a minha visão dos sítios que for visitando, caso tenha acesso à internet.
abraços e beijinhos e... Benvindos de volta também!