segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Tirana, Albânia - Parte I

Ora cá estou eu de volta! Sim, sim, sou mesmo eu, aquele que nem consegue acabar os posts das viagens, já para não falar dos outros sobre aquilo que se vai passando com a vida pachorrenta, mas feliz, na Irlanda. Pois como referi no post anterior, visitei todos os sítios que mencionei, sendo que aquele de que gostei mais foi La Rochelle. Por estar perto do mar, pela arquitectura, pelo centro medieval da cidade, pelo mercado municipal... Vale a pena passar umas férias por lá e aproveitar também a comida e vida nocturna desta cidade à beira-mar. Foi uma, senão a mais complicada e stressante, missão que já fiz até hoje. Tive bastante ajuda dos peritos que vieram connosco mas quase nenhuma, para não dizer mesmo nenhuma, contribuição que se visse do "grande"... Sim, daquele sobre quem vos falei há uns tempos quando estava no Gana. Passada a fase penosa da elaboração do relatório, que se atrasou imenso desta vez por culpa exclusivamente minha e da minha falta de inspiração declarada, o cancelamento da visita à Venezuela veio a ser uma benção par poder assentar arraiais. Sendo assim, aqui estou, de viagem mais uma vez. E com um novo passaporte! Não, não mudei de nacionalidade, apenas de passaporte. Tudo feito na embaixada de Portugal em Dublin, com direito a cartão do cidadão e tudo. E com morada actualizada. A Direcção Geral da Administração Interna aliás fez questão de me avisar por carta, enviada para Trim, que o meu recenseamento eleitoral em território português foi automaticamente cancelado. sendo assim, se quiser votar (em todas as eleições excepto as autárquicas) terei de me inscrever no consulado, o que farei com muito gosto porque gosto de exercer o meu direito de voto sempre que posso. E onde estou? Em Tirana, capital da Albânia, um país dos Balcãs, zona mais conhecida por ter sido a origem de duas guerras mundiais. Vão ser duas semanas a visitar este país, recém saído de uma ditadura que arruinou o pouco que ainda havia por arruinar. Estou num hotel que fica numa zona que dantes apenas era acessível por quem fazia parte do partido do poder pois era aqui que se encontravam as vivendas dos altos dirigentes, ditador e primeiro-ministro incluídos. Toda a cidade está meio arruinada, meio em renovação. A zona dos edíficios governamentais mantém a traça original, da época da influência do fascismo de Mussolini. Os italianos têm uma enorme influência neste país, onde grande parte da população até fala italiano. A distância mais curta entre a costa da Albânia e da Itália é de 80km. Mais a sul, irei visitar um sítio donde consigo ver a ilha grega de Corfu, que me dizem poder alcançar facilmente a nado... Fomos extramamente bem recebidos e a simpatia para já impera. Alguma surpresa também por verem inspectores tão novos pela primeira vez a fazerem uma auditoria deste género... Isto deixa-nos sempre de pé atràs. Já tivemos oportunidade de provar o peixinho da Albânia e é muito bom e fresco. Jantámos num sítio bem agradável, apesar de ainda se poder fumar dentro dos restaurantes. Tivemos o privilégio (digo eu) de jantar com um dos vice-presidentes da câmara municipal de Tirana, que é veterinário. Aliás, à semelhança do Presidente do país! Bela representação da profissão! Conversámos sobre vários temas e pudemos aperceber-nos da herança pesada que o regime comunista deixou nestas pessoas. Amanhã começa a sério. Vamos ver o que dá... Beijinhos e abraços. P.S.: Sut-Leng e Júlia, desculpem não ter respondido aos vossos comentários!! O tempo que estive em Paris foi curtíssimo e todo passado a trabalhar. Tenho de planear uma visita mais longa e para descansar...

domingo, 11 de setembro de 2011

Aeroporto de Dublin

Eis-me de volta. Já lá vão dois meses e meio, um regresso à Tanzania para um safari e uma estadia interessante em Zanzibar, duas semanas muito curtas em Portugal e já quatro semanas de trabalho foi o que se passou entretanto.
Estou de volta, portanto, mas também de partida. Vou passar mais duas semanas (este número persegue-me hoje...) num dos países que mais gosto: a França. Vou passar pelo sul, onde já estive há uns 8 anos e depois vou para a costa atlântica, acima de Bordéus, mais concretamente La Rochelle. Como sempre, estou curioso, nervoso e ansioso para que tudo comece. Vou ter mais três pessoas a trabalhar comigo: um colega alemão, uma colega espanhola e uma colega portuguesa que vem pela primeira vez a uma das nossas, agora chamadas, auditorias. Sim, agora passei a ser auditor e não inspector. O nome muda, o trabalho é o mesmo.
No caminho de casa até ao aeroporto, o taxista, que não foi o do costume, benzeu-se quando passámos pela igreja da aldeia dele... Um gesto interessante.
A minha mãe fez anos ontem e mais uma vez não pude estar com ela e dar-lhe os beijinhos e abraços que ela tanto merece... MUITOS PARABÉNS!!! ÉS A MAIOR!

Neste post porém quero relembrar duas coisas:
- aquilo que escrevi aqui, há um ano atràs, sobre uma data importante da minha vida e os sentimentos que ficaram... leiam aqui;
- dez anos após o atentado terrorista em Nova Iorque, queria tambám deixar aqui a minha homenagem aos que "desapareceram" nessa manhã e um desejo de que nunca, niguém jamais tenha de passar pelo mesmo. Nesse dia, estava em casa, em Lisboa, Campolide, a preparar o almoço, mais o Scott. Almocei em frente à televisão, olhos pregados, incrédulo e horrorizado. Lembro-me que a viagem que fiz para a Nazaré, sítio onde estava a trabalhar nessa altura, foi estranhíssima... Fui o caminho todo a pensar na vida.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mwanza - Parte III, IV e V; Dar-Es-Salaam - Parte IV e V, Tanzania

Já está!
Terminou e agora a descarga de adrenalina está a produzir o seu efeito e a deixar-me mais relaxado...
O resto do tempo em Mwanza foi passado a trabalhar, a fazer uma viagem de avião no cockpit (quase como co-piloto) até Bukoba e voltar,
e deseperadamente a tentar fazer perceber ao cozinheiro do hotel que Tilapia frita não é a mesma coisa que Tilapia grelhada... O meu último jantar no hotel foi esparguete à bolonhesa só para perceberem a minha resignação.

O regresso a Dar-Es-Salaam foi muito produtivo. Sentado nos últimos lugares do avião, tive tempo e espaço para preparar a reunião final, ouvir música e até dormitar... Em cheio! A estadia em Dar-Es-Salaam foi sempre a trabalhar, a escrever muito e hoje dissemos adeus aos nossos colegas tanzanenses.

Estou em directo de mais um aeroporto internacional, à espera da minha boleia que me vai levar primeiro a Amesterdão. Mal posso esperar para chegar a casa... E há futebolada amanhã à tarde!!!
Para a semana três colegas portugueses juntam-se a nós para dois dias e meio de formação... É pena ser tão pouco tempo, mas vai dar para matar saudades!!

Então até já... Na Holanda...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dar-Es-Salaam - Parte I, II e III; Ilha de Mafia - Parte I; Mwanza - Parte I e II, Tanzania

Sem tempo para nada, é como isto está...
Queria ter começado este post logo no hotel em Amsterdão para vos dar conta do início de mais uma aventura, novamente por terras africanas. Mas não deu, ou não tive paciência, ou... sei lá!
A verdade é que estou aqui e vou tentar resumir o que se passou até agora.

Dar-Es-Salaam - Parte I, II e III.

Tudo começou num vôo de 10h15 da KLM, que fez uma paragem no aeroporto de Kilimandjaro, sob um luar assombroso, ainda para mais quando avistado por cima das nuvens. Também deu para ver o Monte com o mesmo nome, o segundo mais alto do planeta, penso, a irromper pelo meio do manto branco, impondo a sua escura presença à luz da lua cheia. 30mn depois estávamos na capital da Tanzania, Dar-Es-Salaam, com cerca de 24ºC às 23h00... Fomos bem recebidos e logo conduzidos ao nosso hotel.
No dia seguinte demos início às "hostilidades" e fizemos reuniões e visitas. A cidade tem cerca de 3 milhões de habitantes e é sempre muito movimentada. Há imenso trânsito, desorganizadamente organizado. Como se conduz do lado esquerdo da estrada, à "irlandesa" como eu já estou habituado, há imensos carros importados do Japão, assim como carrinhas tipo Toyota Hiace, que são o meio de transporte público mais utilizado por aqui. E vocês ficariam espantados com o número de pessoas que cabe numa carrinha daquelas, acreditem...
Tivemos de atravessar uma baía de ferry, por ser mais rápido do que ir de carro, e foi um ver se te avias para ver quem entrava no raio do barco primeiro!! É muita gente mesmo... Com os seus cestos e cabazes na cabeça, os putos todos atràs, o senhor que vende côcos na bicicleta, o vendedor de jornais e de pastilhas, o vendedor de água e sumos... E não há cá prioridade ou corredores a separar carros e pessoas, é mesmo tudo ao molho!
As estradas não são más... Até saírmos das principais! A partir daí só terra batida, areia, buracos, lombas... Uma verdadeira massagem grátis para as costas!
No sábado ainda se trabalhou de manhã mas depois foi mais descanso/trabalho de computador no hotel, ao mesmo tempo que acompanhava o grande piquenique na Av. da Liberdade, graças à RTP Internacional!

Ilha de Mafia - Parte I.

Que experiência!!! Fomos de avião, num vôo bem curtinho de apenas 30mn. No avião, creio que era um Cessna, só cabiam 12 passageiros e umas poucas de umas malas e até nos podíamos sentar no lugar do co-piloto. A viagem foi impressionantemente bela!!! Tivemos direito a ver a cidade, depois a costa, o mar e os recifes e finalmente a costa da Ilha de Mafia e aterrar na sua pista de terra batida! Pelo caminho, cinco arco-íris decidiram dizer olá, assim como a chuva, que assusta quando bate nos vidros do avião... Ao entrar nas nuvens, a sensação de desorientação é enorme, porque só se vê branco! Mas chegámos bem ao aeroporto de Mafia (podem ver pela foto...).
Na Ilha de Mafia não há mafiosos... nem estradas alcatroadas, nem electricidade! Graças a Deus, ou melhor ao Parque Marinho da Ilha de Mafia, tínhamos uns resistentes Land Cruisers para nos transportarem pelos caminhos da Ilha... Confesso que foi bem giro! O Tio Nuno havia de gostar! Grandes pistas a alternar selva com savana e umas manadas de vacas raquíticas pelo meio!



O cair da noite é algo de mágico... O pôr do sol aqui tem uma cor hipnotizante quando se junta ao azul escuro do céu... É neste lusco-fusco que os morcegos da fruta decidem invadir os céus e emprestar uma atmosfera algo sinistra a este período do dia.
Ficámos alojados num sítio que não tinha televisão ou internet, mas com boa comida e pessoal diligente. No dia seguinte fizemos a viagem de avião de regresso à capital com um instrutor e um aluno. O instrutor tinha passado dez anos em Moçambique e falava português... Adivinhem o que me perguntou primeiro? "Tu és filho de quem?" E eu, meio aparvalhado, respondi... "De uma portuguesa...". Ele começou a rir-se!! Eu acho que ele queria que eu lhe dissesse o meu nome de família para ver se conhecia alguém...

Mwanza - Parte I e II.

No domingo mudámos para 2000km mais a norte, para Mwanza, a cidade mais importante da costa do Lago Victória que pertence à Tanzania . O Lago é o maior do mundo e quando visto do céu digo-vos que parece o mar... É imenso!!! O vôo foi uma estucha... Assentos pequenos, muito calor, enfim nada confortável. O que me safou foi o meu livro de exercícios de espanhol!!! Fiz uma data deles! Ainda tivemos de fazer uma escala em Musoma, pista de terra batida, onde os aviões são acompanhados em corrida do outro lado da cerca por crianças de sorrisos felizes.
No aeroporto de Mwanza, já com alcatrão, vários helicópteros das Nações Unidas estão estacionados à espera que alguém lhes dê utilidade. Este é um ponto estratégico para prestar ajuda aos campos de refugiados que existem junto das fronteiras com o Ruanda e o Burundi, mais a Este.
Estafados, trouxeram-nos ao hotel, cujos quartos têm uma vista sobre uma baía bem calminha do Lago. Tentámos comer um peixinho assado do Lago, a famosa Perca do Nilo, mas só havia Tilápia... Então que seja, mas grelhada! Veio frita... Mas estava boa.
A vida em Mwanza é tão mexida e apinhada como na capital, mas os recursos são menores e a pobreza mais evidente. Ao afastarmo-nos do centro, rapidamente a paisagem passa a savana, com montes de pedras redondos, aqui e ali, perigosamente empilhados por anos e anos de fenómenos geológicos naturais, e aldeias de casas de paredes de terra e de telhados de folhas de palmeira. Vacas e cabras passeiam enganadoramente livres, sempere debaixo do olhar atento dos míudos pastores que nos olham espantados e acenam sorrindo enquanto desaparecemos numa nuvem de poeira... O meio de transporte mais utlizida nestas zonas, se existir, é a bicicleta que muitas vezes também serve para dar boleia aos amigos e vizinhos.
Hoje, depois de mais um dia de visitas, tentámos novamente a nossa sorte com a Tilápia grelhada... Afinal não há grelhador, porque precisam de instalar um exaustor por causa do fumo... Tentámos explicar ao cozinheiro que queríamos o peixe o mais simples possível, sem molhos... Veio mais assado no forno, menos frito, e com molho de tomate... Pode ser que amanhã ele acerte!

E pronto, fico-me por aqui... Até já!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Murmansk (e Kirkenes, Noruega) - Parte II a V, Moscovo - Parte V e VI, Astrakhan - Parte I a III, Moscovo - Parte VII e VIII, Russia

Que longo título!
Tudo porque durante estas duas semanas foi muito difícl vir aqui contar-vos as minhas aventuras porque o cansaço foi mais forte e ao final do dia precisei sempre de uns minutos de paz e sossego e de às vezes trabalhar.
Enquanto estive em Mursmank, choveu, nevou, estiveram -10ºC à noite e dois dias depois estava sol e calor... Tive a sorte de ir de carro até Kirkenes, na Noruega, um porto de pesca muito importante para os russos. Pelo caminho passámos por uma zona altamente militarizada com os respectivos controlos de passaporte. E passar a fronteira foi "à antiga", quando os países europeus ainda tinham fronteiras: sair do carro, mostrar documentos, carimbos, olhares estranho para um passaporte português naquela parte desolada da terra... Enfim, uma aventura! A paisagem mais recorrente durante o caminho, que ainda durou uma horinhas, é feita de lagos gelados, neve espalhada ou a cobrir montes, vegetação rasteira e muito frio e vento. O contraste com algumas aldeias de blocos de apartamentos na Russia é gritante com as vivendas individuais e cheias de bom gosto dos Noruegueses. Almocei num navio-fábrica, um peixinho frito bem cozinhado e tudo! O resto do tempo em Murmansk foi passado a trabalhar e depois ponho aqui algumas fotos da cidade industrial e cinzenta.
O fim-de-semana do meio foi novamente em Moscovo, mas depois de uma chegada muito tardia ao hotel porque Moscovo não pode parar... Trabalhos na autoestrada reduziram o número de vias de 7 para 2, por isso tivemos de esperar quase 3 horas para poder pousar a cabeça nas almofadas fofinhas do Hotel Kempinski.
A última semana da missão foi mais a sul, em Astrakhan, cidade muito perto da fronteira com o Kazaquistão. No delta do rio Volga, esta cidade é um outro lado da Russia... Mais rural, mais empobrecida, muito calor (estiveram 27ºC na terça) e uma beleza natural inerente à fertilidade que os braços do rio emprestam à região. Vi muitos animais, inclusive vacas e ovelhas a passear no meio da estrada, que muitas vezes nem alcatrão tinham. Pudemos provar caviar de Perca, que tem uma cor amarelada e é um pouquinho salgado, mas bom. As visitas correram bem, o hotel não era mauzinho e na quarta-feira regressámos a Moscovo.
Depois de uma última visita, foi tempo de preparar a reunião final e tentar relaxar... Relaxei tanto que, por achar que ia tomar o pequeno almoço ao Starbucks do lado, podia comprar uma caneca para o meu irmão e a sua namorada... Pois... Hoje fui lá tomar o pequeno-almoço e... Boca! Nada de canecas de Moscovo porque estavam esgotadas!!!! Que pena... Tentarei compensar com algo que chegará pelo correio (mano fica atento e depois diz-me se gostas!).
Com a reunião final no bolso, levaram-nos a um sítio panorâmico para termos uma perspectiva diferente de Moscovo. Vi a Universidade de Moscovo (que alberga 30000 alunos e da qual se diz que se pode viver lá dentro durante 5 anos sem sair! Parece que eles têm tudo, tipo lojas, restaurantes, barbeiros e cabeleireiros...) e o estádio do Olímpico de Moscovo, o Luzniki, onde costuma jogar o Spartak de Moscovo. Tirei uma foto, mas isso fica para o outro fantástico blog, o FutLOL, onde costumo mandar uns bitaites.
Este post segue do lounge do aeroporto de Sherementyevo, mais um na lista dos muitos por onde passei, cheio de saudades de casa, de Portugal, da família e dos amigos e hoje especialmente do meu avô... Parabéns!

domingo, 15 de maio de 2011

Murmansk, Russia - Parte I

Acordar às 5 da manhã num Domingo é só mesmo por necessidade... Há outros que ainda estão acordados e a sair dos muitos clubes nocturnos de Moscovo... Mas tínhamos de vir para Murmansk para prosseguir o nosso trabalho. Moscovo é tão grande que até às 6 da manhã de Domingo há trânsito e filas, bolas... No aeroporto corre tudo tão bem que deu para tomar o pequeno-almoço nas calmas, ler umas leis russas e um pouco do meu livro de cabeceira “Cosmofobia” da autora Lucía Etxebarría. Muito bom! Mas alguma coisa estava para acontecer... No autocarro, uma senhora de idade deu-me tanta pena... Estava completamente perdida... Era a primeira vez que ia viajar de avião, mas não sabia como lá ir ter, achava que tinha que comprar um bilhete de autocarro e tudo... Coitadinha! (Eu sei isto tudo porque o interprete estava ao meu lado e contou-me... Ainda não sei russo!). Mas no avião aconteceu o melhor: o Telmo estava ensonado e quando apareceu a hospedeira de bordo para levar o meu tabuleiro, prestavelmente entrego-lhe e depois faço a asneira de entornar o copo ainda cheio de água pelas minhas pernas e acento abaixo... O resto da viagem foi feito com aquela sensação de “fralda molhada”...
Aterrámos na única pista do reduzido aeroporto de Murmansk. Estou 250km acima do círculo polar ártico (o que significa que são neste momento 23h46 e está tanta luz lá fora como se fossem cinco da tarde...) e estão uns agradáveis... 15ºC!!! É verdade! Disseram-nos que foi o primeiro dia de calor e sol que tiveram durante as últimas semanas onde o frio e a neve reinaram. A cidade parece-me velha, sem manutenção, muito dos anos sessenta... Há imensos monumentos a Lenine, imensa indústria pesada e um porto militar e comercial estratégicamente importantes. A minha vista do quarto dá para a praça dos cinco cantos (vá-se lá saber porquê...) e ao longe, no cimo de uma colina, para uma estátua de 35m que presta homenagem ao soldado desconhecido.
Almocei um delicioso bife de rena com arroz selvagem, depois de um pequeno passeio ela principal rua da cidade, a Avenida Lenine pois claro! E agora já é quase meia-noite e tenho de ir descansar... Mas antes, uma foto para mostar-vos a luz que está lá fora!!!

Moscovo, Russia - Parte I a IV

Parte I
Num avião cheinho de russos que foram certamente fazer compras a Paris, calhou-me o lugar 27A, numa janela bem lá atrás e ao lado de um puto russo que passou o tempo todo a mergulhar a cabeça já adolescente no colo da mãe para dormir. Foram três horas e 55 minutos bem compridos que tentei encurtar com a leitura de uma das minhas revistas favoritas de cinema, a "EMPIRE" (ainda não fui ver o “Thor”... e o “Captain America” nunca mais estreia!!).
A aterragem foi já ao cair da noite mas pela janela do avião ainda se conseguiu vislumbrar a imensidão plana desta parte do globo, onde florestas e planícies se confundem... Mais perto de Moscovo, torres altas de apartamentos contrastam em altura com os locais onde foram construídos. Aterramos numa moderna pista e correpsondente terminal. Grandes letras em círilico anunciam que estamos no aeroporto de Moscovo – Sheremetyevo.
Após uns exigentes controlos de passaporte, visto e cartão de migração (era uma funcionária novinha mas muito zelosa...), recolhemos as malase pusemo-nos a caminho do hotel. Atravessei avenidas, que mais parecem autoestradas, de 3 a 7 vias para cada sentido, a velocidades escandalosas e pelo meio do trânsito igualmente veloz e sempre a mudar de via para escapar a algum veículo mais lento... Sim, porque os há por aqui, alguns até a cair aos bocados! Rodeámos a famosa Praça Vermelha e o Kremlin, bem iluminados, e depois de atravessar uma ponte para o outro lado do rio Moscou apareceu o hotel numa esquina priveligiada, com vista para os monumentos mais famosos da cidade. Ficámos alojados no Hotel Baltschug Kempinski, que segundo o meu entendido irmão é um hotel de jeito. E ele tem toda a razão porque o meu quarto era ENORME!!! Com um pé direito de 5m, três janelas gigantes e uma distância da cama à televisão que nem o LCD de 56cm consegue esbater, dava perfeitamente para jogar squash! O senão disto é o preço do quarto (é tão proibitivo que não me atrevo a dizê-lo...) e de uma qualquer migalha que se coma (estamos a falar de um pequeno-almoço básico, não incluído, de cerca de 35€...). Salvou-me o Starbucks na esquina seguinte que felizmente abre às 07h30 com milhentos tipos de café, bolos, muffins, sandes e croissants a preços bem mais competitivos!

Parte II
Primeiro dia de trabalho “à séria”. As reuniões e visitas do costume com uma pausa para almoço que se fez num restaurante típico ucraniano que até menu em português tinha. Foi então que pude constatar como uma garrafa de vodka nesta terra desaparece num instante. Ele há brindes a tudo e mais alguma coisa e também a nada. Educadamente brindámos, mas sempre só com um copo... Estamos aqui para trabalhar! Só para lembrar aos mais cépticos... No final do dia tive o primeiro contacto com a magnitude da Praça Vermelha e da Igreja de S. Basílio (aquela que parece um bolo, com aquelas cúpulas todas coloridas). Passei em frente ao mausoléu do Lenine, de cuja varanda todos os líderes russos, ou melhor dizendo soviéticos, aceneraram às tropas em parada, tendo como pano de fundo a muralha do Kremlin. Curiosamente, no lado oposto, um centro comercial a fazer lembrar as galerias da Grand Place em Bruxelas, ostenta as lojas das marcas mais caras do mundo. Mas por fora (e por dentro também, vejam lá mais à frente...) fica bem bonito quando é iluminado por milhares de luzes que desenham o seu contorno.

Parte III
Mais um dia de trabalho, com direito a massagem grátis nas costas: 2h30 de carrinha pela autoestrada mais cheia de lombas e buracos que já vi na minha vida!!!! O motorista bem que tentou ser mais esperto que o asfalto danificado, mas o resultado foi uns 598 a 3... Ao sair, e depois ao regessar, de Moscovo pude constatar que a altura média de um bloco de apartamentos varia entre os 5 e os 17 andares, sendo que os segundos são bem mais frequentes. A ligar este megablocos habitacionais, fios de electricidade voam de prédio para prédio num emaranhado esquisito que se repete também ao nível dos postes de iluminação da rua. A juntar à esta festa ainda temos os fios que alimentam aqueles autocarros-eléctricos (como os de Coimbra – ainda existem, não existem? É que estando fora de Portugal há já tanto tempo, as coisas vão-me escapando... como o túnel da CRIL já estar aberta por exemplo!!!) que existem por aqui e os eléctricos (dos quais existem pelo menos três formatos diferentes). As diferenças sociais por aqui são evidentes até nos carros: há de tudo, é verdade, mas os extremos são os que mais se notam. Desde o modelo mais recente do Cadillac Escalade, até ao mais podre Lada ou Volga. Mas uma coisa todos têm em comum: seja de série ou com a ajuda de uns plásticos pretos colados no interior dos vidros, todos têm vidros escuros pelo menos atrás!!!
Moscovo tem muita, muita gente... É considerada a maior área metropolitana da Europa, a sétima maior cidade do mundo e tem tanta população como Portugal inteiro...
À noite, jantamos noutro restaurante típico ucraniano, também com menu em português. A comida ucraniana é boa e recomenda-se! Agora... Por onde anda a comida russa? AH!É verdade... provei os famosos biscoitos russos da cidade de Tula!

Parte IV
Um sábado logo no princípio de uma missão é algo raro... Com mais uma visita ao meu preferido Starbucks de Moscovo, aguentei estoicamente uma visita ao Kremlin num dia chuvoso e cinzento. Escolhemos bem o dia porque se estava a comerar os 1000 dias até aos jogos olímpicos de inverno que vão ter lugar na cidade de Sochi em 2014... Conclusão? Praça Vermelha vedada por causa de um concerto que ia acontecer mais tarde, acessos condicionados por causa de uma maratona associado aos festejos... Mas nós não desistimos! E no mais típico comportamento russo decidimos que tinhamos de visitar o Kremlin e que não passava daquele dia. Assim foi. Mas apanhámos tanto chuvinha, meu Deus... Primeiro visitámos a “catedral bolo” que tem nada mais nada menos que 10 igrejas lá dentro! E um coro, só de vozes masculinas, que cantava cada vez que se pagava. Depois, já no interior do Kremlin, há palácios do governo (um deles com um teatro) e do senado, um arsenal e cinco catedrais, as quais visitámos à borla (tinha de haver alguma coisa de positivo no meio disto tudo, não?). Entre ovos do joalheiro francês Fabergé, portas adornadas por esculptores italianos e frescos da época medieval a cobrir por inteiro as paredes interiores de algumas catedrais, fomos alegremente de embasbacanço em embascanço... Ao voltar, decidimos abrigar-nos nas galerias comerciais de que vos falei acima. Impecavelmente limpas, decoradas com um bom gosto invejável, até uma fonte interior apresentam, rodeada por árvores em flôr... Está quentinho e não apetece sair para a chuva... Hei-de voltar, nem que seja para um café.
No exterior, já a maratona tinha acabado, acumulavam-se camiões e camiões do exército ao lado da ponte, e na ponte, que dá acesso ao hotel. No interio, jovens soldados russos imberbes, dormitam de boca aberta para o vazio...
Já no quarto do hotel decido que um banho de espuma bem quentinho me vai pôr como novo... De roupão e chinelos, todo enxuto, assisto despreocupado ao Blackburn vs Manchester United num qualquer canal russo enquanto saboreio um wrap de salmão, ovo cozido e alface made in... pois claro... Starbucks! A rematar, dois chocolatinhos negros oferta do lounge da Air France do aeroporto CDG... Mnham!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Benvindo de volta!

A mim mesmo, claro!
Depois de mais uma temporada de silêncio bloguista, sobretudo preguiçoso acreditem,aqui estou de volta.
Em directo e ao vivo do Aeroporto de Dublin, a caminho de Paris e com destino final Moscovo. A Federação Russa é a próxima missão... Uma longa missão diga-se já que vamos lá ficar até dia 27 de Maio. Somos quatro (por agora três, o quarto há de se juntar a nós em Paris) e mais quatro intérpretes.
O plano das visitas espera cobrir os quatro cantos da Russia e eu vou tentar dar-vos a minha visão dos sítios que for visitando, caso tenha acesso à internet.
abraços e beijinhos e... Benvindos de volta também!

segunda-feira, 14 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

Ndanka, ndanka... In the Gambia

Ou seja “Fácil, fácil... na Gambia”. É a frase a ter sempre presente neste país que não chega sequer a dois milhões de habitantes. Rodeado por outro país, o Senegal, e divido ao meio por um rio, a Gambia vai da costa atlântica até ao interior do oeste da África, como se de um sorriso rasgado se tratasse. Espreitem num mapa e logo verão...
A chegada ao aeroporto de Banjul na terça-feira 8 de Março, a capital da Gambia, foi pacífica. À saída somos logo abordados por pessoas que nos cumprimentam, perguntam se a nossa viagem correu bem e nos dão as boas vindas ao país. Mas não fazem parte de nenhum comité de recepção... São taxistas, carregadores de malas, adolescentes que procuram uns trocos. É de louvar a diligência e agilidade que demonstram em falar inglês e outras línguas.
Ficámos alojados no Ocean Bay Hotel. Nada de grandes luxos, porque a crise não está para isso e porque viemos trabalhar, não para passar férias. A caminho do quarto, passamos entre a piscina e um palco onde um grupo cultural local toca ruidosamente jambés e tambores ao mesmo tempo que dançarinos se vão mexendo freneticamente no que penso ser uma dança tradicional (mudam todos os dias e têm nomes como Kulula Acrobats ou Gunjuja Local Cultural Group ou The Brothers Band...) As palmeiras vão balouçando ao sabor do vento e consigo sentir o cheiro do mar bem perto. Que bom! Para ajudar estão 27ºC... Parece verão.
Num país maioritariamente musulmano, as pausas para rezar são evidentes quase em todo o lado. Banjul fervilha de actividade, mas muito dela é feita a pé e manualmente. Há estradas alcatroadas, semáforos e até bombas da GALP. Mas também há muita confusão onde as regras de trânsito parecem não ter razão de exisitir, sobretudo nas ruas mais movimentadas. Todos os dias se vêem os alunos, fardados, a caminho da escola. Para encurtar a distância, muitos pedem boleia e lá conseguem seguir apinhados em pick-ups ou carrinhas Hyace ou Mercedes bem velhinhas. Aqui cultiva-se a arte da boleia... Pela estrada vêem-se indivíduos parados nas bermas, a cada 10 metros, de mão estendida, à espera que alguém pare para os levar... Os taxistas enchem os táxis o mais que podem e vão buzinando aos que esperam nas bermas como que a dizer “ainda há espaço aqui dentro para ti...”. Ir à casa de banho por aqui é uma aventura. Não há papel, mas há um recipiente com água para nos lavarmos e o autoclismo funciona a maior parte das vezes. A estrutura em sim é que deixa muito a desejar. Valha-nos o hotel! Menos na internet, que só se pode aceder desde o lobby e a maior parte das vezes é incerta...
Temos a sorte de ser transportados num Nissan Qasqai branco, novinho em folha, com dois grandes autocolantes de cada lado com a bandeira da União Europeia. Nem de propósito! Fiquei surpreendido com o carro... Espaçoso, traz ar condicionado de série (que aqui dá muito jeito!), rádio com CD e entrada para MP3 e Bluetooth. Para além disso, traz também limitador de velocidade e cruise control. A maior parte dos comandos também se encontra no volante. Acho que é a primeira vez que me sento num carro tão bom, pertencendo à autoridade competente do país que visito. Num gesto de boa vontade, e porque o nosso condutor é um homem extremamente procurado devido ao cargo que ocupa, decidi ensinar-lhe como funciona o Bluetooth. Foram 45 segundos para emparelhar o telemóvel com o carro... Quando o experimentou pela primeira vez, após ter acabado a chamada, começou a bater palmas e a rir-se!!! Comentou mesmo que “tinha de dançar a esta descoberta!”. Impagável!
Sendo um país pequeno, não temos saído muito de Banjul. Apenas ontem fomos a Tanji, uma comunidade piscatória onde se descarga pescado na praia. Canoas ou pirogas, que podem chegar a levar 40 pescadores, lançam-se ao mar diariamente. Muitos deles não sabem nadar... Pergunto-me como é que conseguem sobreviver em embarcações de aparência tão frágil à distância... A pseudo-lota fervilha de actividade. Pescadores, compradores (na sua maior parte mulheres), cestos de plástico a abarrotar de peixe, pedreiros (estão a construir um cais de descarga), míudosque parecem perdidos, curiosos... Um mar de gente, de ruído, de cheiros, onde não faltam as cores garridas dos trajes. Sou abordado por uma horda de pequenotes que me dizem “hello!” a sorrir, à qual respondo com um “hello” também... Um deles mais velho pergunta-me se não tenho material para os rapazes... Infelizmente não tenho... E lá vão à vida deles.
Adquiri uma série de recordações na loja adjacente ao hotel (tenho uma tão gira para a minha afilhada!!!), a rapariga que me atendeu, chamada Miljie, disse-me que se tivesse algum problema com qualquer dos artigos que comprei que fosse ter com ela e não com a senhora que costuma estar na loja da parte da manhã. A Miljie fica a tomar conta da casa de manhã, onde mora com os pais, as irmãs e uma tia. Cozinha o almoço para todos e depois vem trabalhar na loja das quatro às nove. Não foi à escola porque não tinham dinheiro... Mas está a poupar para tirar um curso de informática. Desejo-lhe sorte.
Pelo meio das nossas visitas, encontro um espanhol da Corunha. As nossas perguntas em inglês pareciam não lhe dizer grande coisa, mas o francês já era perceptível. Começamos a falar e às tantas apercebo-me de que tem um sotaque muito iberizado... Pergunto-lhe se é francês ao que me responde que não, que é espanhol. “Podemos hablar español...” digo eu. Que grande sorriso fez! Achou que eu também era e contou-me logo a vida dele... Mais um pouco e íamos tomar umas “cañas” algures na praia!
Para já é isto... Ah! Também já aproveitei o sol e calor que faz ao final da tarde na piscina para um mergulho e uma leitura mais descontraída.
Partimos na terça-feira à noite, para chegar de madrugada a Bruxelas. Se não vier aqui antes, um até já!

terça-feira, 8 de março de 2011

Aeroporto de Bruxelas, Bélgica

Estreia absoluta!
É a primeira vez que estou a escrever desde este aeroporto que me traz tantas saudades... Infelizmente estou só em trânsito e não dá para ir visitar os amigos... Vai ter de ficar para uma próxima oportunidade que espero não demorar muito a acontecer.
Esta grande ausência neste blog (sim neste, porque vou sempre lançando uns bitaites noutro que vocês já conhecem de certeza e que visitam todos os dias, o www.futlol.blogspot.com) deve-se a muitos factores, mas todos positivos acreditem. Desde a minha última missão o ano passado que estive de "castigo" na "quinta" e só agora vou começar a minha primeira missão do ano. Acabei 2010 em África e começo com... tchan,tchan,tchan... África! Vamos uma semana para a Gambia, país conhecido por estar rodeado por outro, o Senegal. Vou com uma colega, a "chefe" da missão, que já lá esteve o ano passado e sobreviveu, por isso estou descansado. Espero ter acesso à internet para poder partilhar convosco, novamente, o meu dia-a-dia e talvez quem sabe o que se tem passado nestes últimos meses na minha vida. A ver vamos...
Agora vou aproveitar o sol que invade o lounge da Brussels Airlines!
Inté já!