domingo, 1 de dezembro de 2013

Dammam - Arábia Saudita

Último dia de visitas e começou logo pela fresquinha, às 05h45, para apanhar um avião para a cidade de Dammam, terceira maior do país, situada na costa este e conhecida por ser a cidade mai importante do mundo no que a petróleo diz respeito. Aliás, foi aqui que se descobriu petróleo pela primeira vez na península arábica.

Foi o primeiro vôo que fiz de dia e pude finalmente observar o país de uma perspectiva diferente. E confirmou as minhas expectativas: um deserto. Areia e mais areia… Desolador. Já na cidade, mais do mesmo: construção, construção e mais construção! Mas como fica à beira-mar sempre tem mais piada, até porque tem um passeio mesmo junto à costa. O regresso foi ao final do dia e o cansaço faz-se sentir com tantos vôos… Amanhã serão os últimos, finalmente!

A gente deste país está constantemente num destes três estados: estiveram a rezar, estão a rezar ou vão rezar. O dia é gerido de acordo com as cinco orações diárias que todos os muçulmanos têm de fazer. E assim, a vida pessoal e profissional tem de se adaptar. Ontem, durante uma visita a um centro comercial (horário de abertura das 9 ao meio-dia e das 16 às 23), chegámos perto das 17 e, surpresa, as lojas estavam todas a fechar. Era hora da penúltima oração do dia, pelo que todas as lojas fecham e clientes e lojistas dirigem-se, em comunhão, para as salas de orações (para mulheres e homens) do centro comercial. Apenas as crianças mais pequenas não rezam, pelo que o centro comercial ficou de repente cheio de vultos negros sentados em todos os lugares disponíveis com criancinhas a brincar ao seu redor… Meia-hora depois, tudo voltou ao normal.

Hoje tive a oportunidade de conversar com os meus colegas sauditas e ficar a saber um pouco mais sobre a sua cultura e religião e poder até fazer algumas perguntas mais, digamos, polémicas. Foram todas respondidas, sem problemas nem juízos de valor e com orgulho de serem como são e das suas tradições e cultura.


sábado, 30 de novembro de 2013

Riyadh, Jeddah e Jazan - Arábia Saudita

Desde que cheguei a este país, na segunda-feira 25 de Novembro, que todos os dias tenho vivido experiências ou situações bem diferentes das que por norma acontecem quando viajo.

Começou logo pelas duas horas na fila de controlo de passaportes...
Primeiro contacto, apenas visual claro, com a realidade diária das mulheres neste país. Existe apenas um modelo de vestimenta, com uma só cor. Aquilo que nós imediatamente associamos à burca (usada no Afeganistão e no Paquistão) não é bem o que se passa no Reino da Arábia Saudita.
Ambas cumprem os requisitos do "hijab" (a forma das mulheres se vestirem de acordo com o Islão) mas aqui é composta pela abayah (uma peça de roupa negra, única, que cobre o corpo), com uma "niqab" (uma peça de roupa que cobre a cara e o cabelo e deixa só entrever os olhos, que às vezes tem um véu mais transparente para cobrir os olhos também). Obviamente que havia uma fila só para senhoras.
Tal como há tambem:
- uma fila específica para o controlo de segurança das senhoras nos aeroportos,
- uma secção dedicada às "famílias" nos restaurantes, onde os homens solteiros não podem entrar,
- locais de oração separados,
- lojas nos centros comerciais com um sinal à entrada que diz "Families Only",
- biombos prontamente disponíveis no restaurante do hotel para dividir as mesas das famílias (entenda-se um grupo de pessoas onde está pelo menos uma mulher) das restantes.

Os homens vestem uma espécie de robe branco (twab), que os cobre até aos pés, e um lenço (ghutrah) a tapar a cabeça. Por baixo têm um pequeno chapéu (tagia) que previne que o lenço caia e um duplo pedaço de corda negro (agal) por cima do lenço, no topo da cabeça. Este código de vestir promove a igualdade entre todos os homens, pobres ou ricos. E é branco porque, vá, isto é um deserto!

É um costume, no mínimo, curioso para um ocidental como eu, mas perfeitamente aceite e praticado por todas as mulheres adultas e até por algumas adolescentes. Explicaram-me que, apesar de estar ligado à religião, também é uma tradição lendária. Um príncipe viu uma vez uma mulher vestida desta maneira e disse que era a mulher mais bela que alguma vez tinha visto. Quando a notícia se espalhou, todas as mulheres se vestiram da mesma maneira na esperança de que o príncipe casasse com elas.
Isto não impede que hoje, num centro comercial de Riyadh, a sensação que transpareceu foi a de fantasmas a esvoaçar por todo o lado.

Mas bom, continuando… Riyadh é uma cidade… Aborrecida. Não há muito para ver. Ou melhor, haver até há, mas cinge-se a uma palavra: construção. E de tudo! Prédios, estradas, arranha-céus… EM Riyadh está a construir-se uma "cidade financeira" cujo denominador comum é a construção simultânea de todos os escritórios e arranha-céus que v\ao albergar bancos, a bolsa e outras empresas. De resto, não há passeios, nem transportes públicos pelo que a única maneira de nos deslocarmos é de carro. E numa cidade com 6 milhões e 700 mil habitantes, acreditem que não é fácil. No entanto, um dos argumentos utilizados pelo Reino para não autorizar as mulheres a sequer aprenderem a conduzir é… o aumento de veículos que isso representaria e o consequente aumento do trânsito, já de si caótico (pequeno sorriso!).
Mas vá, estou a ser mauzinho, muitos dos prédios novos são obras de arte a nível arquitectónico e de certeza que há um centro histórico (que espero ver na próxima segunda-feira) com edifícios mais antigos e de estilo puramente árabe.

Na terça-feira, viajei para Jeddah, sozinho. O avião que me levou era um Boeing 737 e estava à pinha. A maior parte dos passageiros masculinos estava vestido com o que parecia… duas toalhas brancas. Sim, uma para a parte de baixo do corpo, enrolada à volta da cintura, e outra para a parte de cima para cobrir o tronco e os braços. De resto… umas sandálias. Iam todos a caminho da peregrinação a Meca. Não o "Hajj", que é a grande peregrinação anual que todos os muçulmanos no mundo devem fazer pelo menos uma vez na vida, mas sim aquela que os muçulmanos com mais possibilidades podem fazer, a "umrah". Aliás, existe um canal de televisão dedicado a Mecca, que transmite 24 sobre 24 horas o que se passa naquele recinto sagrado, onde outras pessoas de outras religiões não podem entrar.
Eu não fui a Meca, mas levei duas horas de caminho numa auto estrada sem curvas e interminável até chegar ao meu destino: as instalações de uma empresa que ocupam cerca de 200km2 de terra, ou seja, maior que o Bahrein… Ah! E um calor de morte há meia-noite: 30 graus… Basicamente, a única coisa que fiquei a conhecer de Jeddah foi... o aeroporto.

Na quarta-feira fomos para Jazan. Tanto Jeddah como Jazan ficam na costa oeste da Arábia Saudita, aquela que é banhada pelo Mar Vermelho (é mentira, não é vermelho coisíssima nenhuma…). Jazan fica bem a sul, a 50km da fronteira com o Yemen. Foi um dia apenas, muito quente e passado longe da cidade. Mais uma vez, fiquei a conhecer o aeroporto (mais pequenino que os outros). E nada de mulheres a trabalhar nas empresas que visitei… Acho até que só podem exercer algumas profissões muito específicas (género lojistas em lojas de lingerie, médicas, enfermeiras…).

De regresso a Riyadh, o fim-de-semana (sexta e sábado) foi aproveitado para descansar, trabalhar um pouco, fazer exercício e matar saudades da família pelo skype (que invenção fantástica!). Amanhã, domingo, é dia de trabalho e logo pela manhã (05h45) para apanhar um avião para Dammam, a terceira maior cidade do país que fica na costa este.

Espero ainda poder dar mais notícias antes de deixar este interessante país.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Será esta a última?

Faz hoje exactamente 5 anos e 12 dias em que iniciei estas viagens profissionais. Aliás, fiz este post na altura e tudo!
Em 5 anos visitei muitos países, alguns duas vezes, e, arriscaria mesmo, em todos os continentes (excepto os polos, mas estive lá perto…). Mandei muitos postais para a família e amigos. Trouxe muitas recordações e, sobretudo, guardo imensas memórias.
Haverá certamente tempo para fazer um balanço, ainda por cima com o aproximar do fim do ano e a perspectiva de mudança já decidida mas ainda por concretizar, e de contabilizar tudo, com muitas fotografias e histórias que este blogue me ajudou a partilhar convosco.
Mas antes disso, ainda há mais uma viagem… talvez a última? Quem sabe?

O próximo destino é a Arábia Saudita.
País totalmente desconhecido para mim, tirando aquilo que se vê na televisão e nas notícias dos jornais. Mesmo na recta final, sou brindado (sim, tenho a perfeita noção de que sou um priveligiado…) com um país onde a cultura sui generis, onde a religião tem uma importância tremenda (o Alcorão é a constituição do país), onde o papel da mulher é, digamos, "enquadrado" nos hábitos e costumes da lei islâmica (é o único país do mundo onde as mulheres estão proibidas de guiar). O álcool e a carne de porco são proibidos por lei, também.
É um importante produtor de petróleo, o maior da OPEP, e tem dois dos locais mais sagrados do Islão, considerados os berços da religião, as cidades de Meca e Medina. Claro está que, quem não for muçulmano não pode visitar estes locais.
A bandeira da Arábia Saudita, para quem não sabe, tem uma inscrição por cima de uma espada que diz o seguinte: "Não há outra divindade para além de Alá, e Maomé é o seu profeta".

Faço uma paragem em Londres para trocar de avião, e matar saudades do aeroporto de Heathrow. E estou a escrever este post do lounge do Terminal 1 do aeroporto de Dublin que entretanto foi completamente renovado (tinha dois lounges separados e agora é só um, mais moderno, melhor decorado e bem mais agradável).

Não sei se terei ligação à internet (li algures que sim, mas que existe uma censura ao tráfego…) para poder partilhar as curiosidades de mais uma viagem… Espero que sim, para que fique aqui registada para a posteridade, talvez como a última "grande" viagem profissional enquanto auditor no sector dos produtos da pesca.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Até já Nova Zelândia?

Estou de partida…
À espera no lounge da Qantas, pelo vôo que me vai levar até Melbourne, na primeira etapa da longa viagem até Dublin. São 14h10 da tarde de Sexta-feira, dia 1 de Novembro, na Nova Zelândia e vou chegar no Sábado, dia 2 de Novembro, por volta das 11h30. No meio, são mais de 24h de vôo, felizmente em condições muito confortáveis.
Deixar a Nova Zelândia, depois de duas semanas intensas de trabalho mas também de algum tempo livre muito bem passado (como por exemplo pescar o meu primeiro peixe na vida, no estreito de Cook, que divide as duas ilhas principais do país…), custa.
Custa porque tudo aqui é fácil. Acho até que a única coisa difícil é mesmo chegar cá. Leva tempo, inclui algumas paragens técnicas, é caro e o jet lag dá cabo de nós. Mas depois… É fácil.
As pessoas são extremamente simpáticas e acolhedoras. Aliás, a hospitalidade no país é ponto de honra e nada pretensiosa. Não há cerimónias. É tudo muito informal e bem disposto. As pessoas tratam-se pelo nome próprio, não há "doutores" ou "engenheiros", muitas vezes até por nomes mais carinhosos e tudo!
Viajar dentro do país é facílimo. A Air New Zealand tem óptimas ligações, diárias e frequentes, para as principais cidades, incluindo vôos para as outras ilhas e não há restrições de segurança tão penosas nos vôos domésticos.
Nos aeroportos, alugar carro ou autocaravanas é… Adivinharam, fácil! Num piscar de olho, estão a conduzir pelas estradas seguras, bem assinaladas e em bom estado da Nova Zelândia.
Não tive a oportunidade de visitar toda a parte que tem a ver com "O Senhor dos Anéis", mas o país é muito mais do que isso.
É a comida (peixe, marisco, carne, fruta, vegetais), o vinho (não provei um vinho durante estas duas semanas que fosse menos bom), a cerveja (quase todas feitas em micro ou artesanais cervejeiras e todas excelentes), as paisagens e claro, como não podia deixar de ser, o "rugby". Acho mesmo que os "kiwis"(para quem não sabe é o nome que os habitantes dão a si próprios e vem do nome de um pássaro que só existe aqui, o kiwi) são fanáticos por desporto e os "All Blacks" são, sem sombra de dúvida, a melhor montra para essa característica.
Por isto tudo, custa sair do país… E é ÓBVIO que voltar estará sempre na mente daqueles que tiveram a sorte de passar por cá. E, como tal, na minha também!

Estou muito feliz por regressar a casa, não duvidem. Ver a Lenka e a Linda (a crescer um bocadinho todos os dias!) só por skype mitiga as saudades mas não é suficiente. Falta sentir o carinho, o cheiro, o toque… E duas semanas fora agora tornam a ausência maior, ainda que limitada no mesmo tempo que todas as outras que fiz anteriormente. É tão bom voltar! Mal posso esperar por abraçá-las outra vez!

Vinhas em Blenheim, Marlborough Sounds

Rio onde foi filmada uma cena do próximo filme do "The Hobbit"

A cerveja de que gostei mais!

Tory Channel no Queen Charlotte Sound, por onde passam os ferries que ligam a ilha norte à ilha sul

Green Shell Mussels - Mexilhões de concha verde… Deliciosos!


sábado, 19 de outubro de 2013

Ausência prolongada...


Cá estou eu de volta (e já perdi a conta às vezes que escrevi aqui esta frase introdutória...).
Mas, sim, estou e, parece-me, para ficar.

Num comentário que fiz há uns meses no facebook, disse que tinha de retomar o blogue e que uma das razões, senão a principal razão, para o fazer é a minha filha Linda. O blogue acaba por ser um legado, em primeira mão, das minhas experiências passadas e presentes, em português, que espero ela acabara por apreciar quando for maior e souber ler!

O meu último post data de 15 de Junho de 2012. Mais de um ano... E a última frase desse post, "Será que este é o país onde os meus desejos se realizam?", não podia ter sido mais premonitória do que viria a acontecer na minha vida. Mas, já lá vamos. Primeiro, e em jeito de resumo, deixo-vos um "lamiré" do que se passou na minha vida desde esse último post:

- Depois de Madagascar vieram as férias de verão, como de costume na Lagoa de Albufeira, a matar saudades da praia, do sol, do peixe fresco, do Scott, da família e dos amigos. Também passámos uma semana em Lagos, onde estivemos com a afilhada mai'linda! AH! E também a notícia fantástica, maravilhosa de que a Lenka e eu íamos ser pais, lá para Abril de 2013!!

- Em Setembro, o trabalho levou-me de novo aos Estados Unidos. Com uma equipa de cinco pessoas, com dois peritos nacionais, uma portuguesa e um espanhol. Foram duas semanas intensas mas excelentes. Tinha acabado de ler um livro muito interessante sobre o estado da pesca no mundo, "The Last Fish Tale", escrito por Mark Kurlansky, e por coincidência visitei um dos sítios que vinha descrito em pormenor no livro. Foi surreal! Os peritos nacionais acabaram por arranjar um emprego na Comissão Europeia no final do ano, e a colega portuguesa connosco, lá na "quinta".

- Em Outubro, fui a Itália. Mais concretamente duas regiões: Sardenha e Marche. Visitar a Sardenha foi bastante interessante. Escusado dizer que a comida era fantástica e que fiquei surpreendido por perceber quase tudo o que os nossos colegas italianos diziam. Conheci mais uma sumidade no mundo dos moluscos bivalves, o que me deixa sempre satisfeito.

- Novembro levou-me para o México. Uma equipa só de dois mas que cobriu muito território, incluindo a província do Yucatão. Sim, essa mesmo, onde fica Cancún e onde os adolescentes americanos passam o famigerado "spring break". No fim-de-semana tivemos a oportunidade de visitar as ruínas de Chichen Itza. Foi um regressar ao passado, mais concretamente a 1999, e à minha viagem de finalistas a Cancún. Infelizmente já não se pode subir à pirâmide...

- O Natal foi passado, pela primeira vez em 36 anos de vida, fora de Portugal. Foi na República Checa, com os pais da Lenka. Decorámos a árvore no dia 24 à tarde e comemos carpa frita com salada russa, o jantar tradicional de Natal. Depois abrimos as prendas. E claro, sempre com neve!

- Veio Janeiro e uma visita ao Senegal. Voltei a utilizar o francês que já estava a ficar enferrujado. Tivemos direito a jantar em casa da chefe de delegação da União Europeia, com mais convidados. Foi uma noite bastante agradável. 

- Depois veio Fevereiro, Março e... o dia 4 de Abril de 2013. Dia inesquecível!!! A Linda veio ao mundo, depois de uma noite extraordinária de trabalho de parto por parte da Lenka. Não houve epidurais nem outras que tais e às 10h17, a Linda nasceu. Escusado será dizer que os pais continuam babadíssimos!!!

- Maio chegou e levou-me a Espanha, de novo com uma equipa de 5 pessoas. Desta vez foi o espanhol que tive de utilizar e posso dizer que não me safei nada mal. Visitei a Catalunha e o País Basco e não há maneira de dizer que não se gosta de "nuestros hermanos"!!

- As férias de verão trouxeram más notícias: o meu pai faleceu antes de eu chegar a Portugal e o Scott deixou-nos no dia 24 de Julho. Por incrível que isto possa parecer, eu acho que ele esperou para me voltar a ver e para conhecer a Linda antes de dizer adeus. Foram também as primeiras férias da Linda na Lagoa, com 3 meses e meio.

- Setembro trouxe-me de volta a Portugal, por uma semana e meia. Sem palavras! Oportunidade única de poder auditar o meu país, algo que muitos outros colegas não podem afirmar. Foi uma experiência interessante, estar do outro lado da mesa.

E chegamos ao "agora"... Comecei a escrever o post no aeroporto internacional de Dubai e estou a terminá-lo no aeroporto internacional de Kuala Lumpur onde paramos por uma hora antes de seguir para Melbourne. Mas não ficamos por lá, seguimos, já no Domingo, para o destino final, a cidade de Wellington, na Nova Zelândia, de onde espero dar-vos mais notícias.

Até já!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Muito curtas pós Madagascar, desde o aeroporto de Ivato, em Antananarivo... 15/06/2012

A vida tem destas coisas. E estas coisas chamam-se ciclos. Ciclos que se abrem, ciclos que se fecham.

Ter vindo novamente a Madagascar para uma auditoria após 5 anos e alguns meses foi definitivamente um fechar de ciclo na minha vida. Nem saberia por onde começar sendo que tanta coisa mudou na minha vida desde Março de 2007.
Pelo principio é um bom começo, que acham?

Vim como perito nacional ajudar os inspectores da altura a realizar uma auditoria que durou 8 dias. Foi a minha primeira grande viagem a trabalho a um país no hemisfério sul. Quem me viu no regresso disse-me que eu parecia estar extremamente calmo, calado e muito observador. A experiência vivida na altura teve um impacto na minha forma de ver o mundo, aquele mundo que estamos acostumados a ver pelo quadrado écran da nossa televisão.
Foi também nessa altura que fiquei a saber que podia começar a fazer as malas e partir para Bruxelas, o mais depressa possível, para trabalhar para a Presidência Portuguesa da União Europeia. A auditoria terminou a 9 e no dia 22 já estava a  aterrar em Zaventem para o período profissional mais intenso e desafiador que tive. Só posso dizer, volvidos 5 anos, que nunca, mas nunca, teria recusado partir e abraçar esta aventura (Obrigado Ti’Ana!).

Voltar a ver caras familiares e sítios conhecidos, com um olhar diferente é sempre enriquecedor. Tudo resumido, “in a nut shell” como dizem os ingleses, posso afirmar que notei diferenças no país, e para melhor. Um pequeno exemplo: em todos os hóteis onde ficámos tínhamos acesso à internet gratuíto! Quando penso que na Europa ainda nos fazem pagar 9€ por 30mn de acesso, em grandes capitais, é verdadeiramente ridículo...
Fiz cinco vôos num avião pequeno, um Navajo, apenas para 5 passageiros e piloto e co-piloto. Para além de ter tido direito a uma sauna grátis a cada princípio de vôo (fora de brincadeiras, deviam estar uns 55ºC de cada vez que entrávamos no avião...) foi perfeito para ver Madagascar do ar, com direito a montanhas, costa este e oeste e as principais cidades. E tudo isto a 3km de altura!

Trouxe o meu cachecol e vi os dois primeiros jogos de Portugal! O primeiro no bar do hotel em Diego-Suarez (ou Antsiranana, como quiserem), num écran gigante, sozinho com o meu colega. O segundo, já na capital, mas desta vez no quarto, com uma valente garrafa de cerveja “THB” de 650ml! Grande Varela!
Vamos iniciar uma viagem que ao todo vai durar cerca de 24h e que nos fará passar pelas Ilhas Maurícias, Paris e por fim Dublin. Anseio por sol e férias... E quase de certeza, vou ter de enviar este post desde o Aeroporto das Maurícias porque a internet é lenta, lentinha... E pronto. Meu dito, meu feito. Cá estou no Aeroporto SSR das Maurícias a enviar o post. E pela primeira vez experimentei a classe executiva da Air Mauritius. Foi só 1h40, mas daqui a pouco vão ser umas 9 horas e depois já vos posso dar uma opinião mais informada.

Regresso a casa com um sorriso nos lábios, de dever cumprido e feliz por deixar sorrisos para tràs. Relembraram-me hoje na despedida que a primeira vez que vim almejava trabalhar para o FVO e que agora tinha não só alcançado esse sonho como também pô-lo em prática.
Será que este é o país onde os meus desejos se realizam?

sábado, 21 de abril de 2012

Postal para a minha avó...

Querida Avó,

Aqui estou eu desde a nossa última (e derradeira...) despedida (por falar nisso, achei que estavas muito bonita e tranquila) para te contar onde estou.

Este é o primeiro postal (se bem que virtual) que te escrevo desde um sítio improvável, como muitos por onde passo quando viajo a trabalho. Alguns deles tive o prazer de os partilhar contigo com fotos, ao telefone, ou mesmo contando-te ao vivo as emoções que senti, as paisagens que me deslumbraram e as pessoas que conheci. Tu sempre ouviste com atenção e aquele sorriso meigo e nunca te deixaste de te preocupar comigo. Sentia isso sempre que te ouvia dizer: "Ai filho, isso é tão longe... Vê lá... Tu come bem e cuida de ti!".

Não tive a sorte de te poder receber na Bélgica ou na Irlanda, mas consegui de vez em quando trazer-te um bocadinho das minhas casas "emprestadas". Posso dizer-te agora que tenho, finalmente, uma casa minha, ou melhor, metade de uma casa porque a minha cara-metade é dona da outra. Tu conheceste a Lenka muito pouco mas podes ficar contente por mim porque ela me faz muito feliz e é muito minha amiga. O amor tem destas coisas, cria altos e baixos na nossa vida que temos de saber sempre aproveitar, seja para aprender uma lição, para ficarmos mais fortes ou apenas para vivermos uma grande paixão ou um grande amor. E tu sempre estiveste por perto para uma palavra amiga, um conselho e sempre dando muito ânimo. Não se sei te cheguei a dizer algum dia, mas digo hoje: muito obrigado.

O sítio improvável onde vi parar chama-se Shetland. São umas ilhas a nordeste da Escócia, a meio caminho de distância da Noruega. No avião, pequenino e apertado, lembrei-me de que me disseste uma vez que gostavas muito de voar porque gostavas de ver as nuvens debaixo de nós. Penso que agora tens uma visão priveligiada para poder apreciar essa divinal paisagem todos os dias, do teu lindo jardim, com o avô (não te esqueças de lhe mandar um grande beijinho meu e de lhe dizer que o Benfica ganhou hoje ao Marítimo por 4 a 1!).

A paisagem das ilhas é estranha, um tanto lunar (e lua faz-me sempre lembrar a história que me contavas do ratinho cheio de fome a olhar para a "lua redonda como um queijo"...), despida de qualquer árvore. A contrapor este deserto, tem imensa água, que corre por todo o lado, imensas ovelhas que dão uma lã muito conhecida (pena não te poder levar uns novelos para tu fazeres umas camisolas, uns gorros ou umas luvas para os netos todos...) e uns bonitos póneis que não fazem mais nada se não pastar calmamente, mesmo que esteja a chover torrencialmente.

Estou longe de casa, mais uma vez, porque vim ao Reino-Unido, país do inglês que tu sempre quiseste aprender, para fazer uma auditoria. Já estive em Londres, onde está o Nuno, em Belfast, na Irlanda do Norte, no sul da Inglaterra e agora neste pedaço perdido da Escócia. Está a custar-me muito fazer o meu trabalho porque tenho muitas saudades tuas... Mas vou fazê-lo, por ti, porque sempre me ensinaste a ser honesto, verdadeiro, trabalhador, educado e responsável e eu não quero nunca deixar-te mal.

Tenho quatro colegas comigo, todas mulheres, que me têm ajudado muito e sem cujo apoio eu não conseguiria ter ido visitar-te. É um verdadeiro trabalho de equipa, assim como tu e o avô quando organizavam tudo para irmos para a Lagoa de férias ou aqueles almoços e jantares de família na vossa casa. Ainda me lembro que a última vez que vi o avô foi precisamente durante um almoço lá em vossa casa.

Vou continuar por estas ilhas por mais uns dias e tentar tirar umas fotos para mais tarde recordarmos, mas tenho a certeza que vais andar comigo durante este tempo todo, ao meu lado, a disfrutar de todas as coisas que a vida nos tem para oferecer. Eu gosto disso. Até pode ser que amanhã não chova porque parece que as nuvens se estão a dissipar... Não me digas que foste tu?!?!?! Sempre a mimar os netos, ai, ai...

Bem, com isto me despeço, com muito carinho, muito amor, muita saudade e com um obrigado imenso por tudo o que fizeste pelos teus filhos e pelos teus netos. Espero poder um dia contar aos meus todas as histórias e cantigas que me ensinaste, cozinhar para eles todas as comidinhas boas que fizeste para nós e brincar muito com eles como tu soubeste fazer connosco.

Muitos, muitos, muitos beijinhos Avó.
Do teu neto que te adora.
Telmicos.

P.S.: O Scott manda umas lambidelas meiguinhas nos dedinhos.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Aeroporto de Brasília, Presidente Jocelino Kubitschek, portas de embarque de vôos internacionais, 08/03/2012

Final desta longa visita ao país irmão. Antes de mais, tenho de vos contar como foi o fim-de-semana em Porto Alegre e os restantes dias em Rio Grande.
Porto Alegre é uma cidade antiga, terra de gaúchos, onde se bebe muito mate. Dizem que dá energia para o dia. Acredito, mas não provei... Em Porto Alegre, para além da presença óbvia das raízes portuguesas e de uma nova rota aérea directa para Lisboa, existe uma rivalidade entre dois clubes de futebol: o Grémio e o Internacional. Na cidade diz-se que essa rivalidade é vivida saudavelmente e eu pude constatar isso mesmo entre os nossos colegas brasileiros mais fanáticos.
A cidade fica ao lado de um rio, que parece mais lago, que desagua numa lagoa, chamada Lagoa de Patos (não vi um!). No sábado à noite disfrutámos de um jantar bem gaúcho, com muita carne grelhada de primeira qualidade e umas caipirinhas muito “gostosas”! Tivemos também direito a vários espéctaculos de dança gaúcha que me fizeram lembrar os nossos ranchos folclóricos.
Apanhámos um avião bem pequeno para Rio Grande, uma cidade ainda mais a sul do estado de Rio Grande do Sul, a cerca de 200km da fronteira com o Uruguai. Rio Grande fica numa ponta de terra banhada pela Lagoa de Patos e pelo Atlântico Sul. Trata-se de uma sítio mais pequeno, onde se troca o “você” pelo “tu”, mas de uma importância vital para o Brazil por ser o “porto do Mercosul”.
Durante as visitas, acompanhado desta vez pela colega espanhola, tive o prazer de conhecer três homens que me fascinaram.
O primeiro foi um coreano, que se instalou no Brazil depois de uma vida quase de caixeiro viajante pela América do Sul. Ele, e os seus filhos, fizeram negócio e têm como parceiro principal a Coreia do Sul. Num espanhol quase perfeito, contou-nos a história da sua vida, sem ser maçador, acrescentando aqui e ali umas piadas de um humor cativante. Os seus filhos, para além de seguirem as pegadas do pai, aprenderam o que há de mais importante: os valores humanos.
O segundo, descendente de portugueses, também pela educação, pela confiança que tem nos seus empregados e pela simpatia. A memória histórica preserva-se e é contada com interesse, sem esquecer o futuro e o querer sempre fazer melhor.
O último, já de 75 anos, parecidíssimo com o meu falecido avô, no cabelo, nos óculos, no relógio no pulso, nas camisas de manga curta, nas calças de ganga e nos sapatos, atirou-me brincando com um “Eu sou mais português do que tu. Eu escolhi ser português. Tu és português só porque nasceste lá!”. A dupla-nacionalidade reflecte-se quando nos conta as suas memórias de Cascais, onde ainda tem primos. A história da empresa, e da própria cidade de Rio Grande não lhe é nada estranha e com destreza vai mostrando e explicando as relíquias da empresa que já foi da família e que agora só supervisiona. Contou-me também que teve o prazer de conhecer o Eusébio, em Lisboa, com “um primo que é muito amigo dele ainda” e de ter privado com ele em Porto Alegre quando o Benfica veio participar no torneio de inauguração do estádio da Internacional, juntamente com a selecção da Hungria, o Grémio e claro, a Internacional. Aquando do jogo de despedida do Eusébio, no antigo estádio da Luz, ele esteve presente e recebeu uma medalha comemorative do acontecimento que satisfeito, agora recentemente, ofereceu a um dos mestres dos barcos com quem trabalham por este ser fanático do Benfica.
Regressámos a Porto Alegre, pousando pelo caminho em Pelotas (este nome faz-me sempre rir...ehehehehe) e viemos para Brasília na quarta-feira.
Queimámos os últimos cartuchos hoje de manhã, fomos elogiados pela nossa ética, atitude e profissionalismo por um “Senhor” que me deu imenso prazer conhecer, tanto a nível profissional como social, almoçámos com os nossos colegas e... sim, adivinharam... estamos no aeroporto de novo. Mal podemos esperar para entrar no avião e regressar. As saudades foram muito mais desta vez... Tenho pressa de chegar! Este é o primeiro de três aviões, mas espero sexta-feira à tarde já estar no aconchego do lar (que não o será por muito mais tempo... Temos novidades! Mas isso fica para outro post...).
Beijinhos, abraços e até à próxima Brazil!

sábado, 3 de março de 2012

Aeroporto de Fortaleza, portas de embarque de vôos domésticos, 02/03/2012

De novo num aeroporto... Acho que conseguia ter sucesso como críitico de aeroportos, tal como os críticos gastronómicos têm. A diferença é que eles têm a sorte de comer belos repastos e eu tenho a sorte de experimentar o conforto das fantásticas cadeiras da sala de espera em frente às portas de embarque.
A estadia em Fortaleza foi agradável mas muito preenchida. Acordar quase todos os dias às 06h30 e acabar o dia por volta das 20h00, ou até às 23h00 como ontem, sai do corpinho. Não me perguntem se fui a Jericoacoara ou à praia da Canoa Quebrada... Não fui, não tive tempo e o que vi foi através do vidro escurecido da pick-up, conduzida pelo motorista Sampaio. Ah! Consegui tirar uma foto de uma praia onde os barcos descarregam lagosta... Menos mal.
Fortaleza é tipo Portimão mas com prédios 10 vezes mais altos e em muito maior quantidade. A linha da frente de praia é assustadora. São arranha-céus e mais arranha-céus de apartamentos, todos convencidos de que oferecem a melhor localização e vista sobre a praia. O passeio, ou “calçadão”, está constantemente cheio de gente a andar, correr ou só a passear, a toda a hora. A comida é excelente. Muita variedade de fruta, carne grelhada, peixe e camarão.
Aracati é uma cidade mais pobre. Tem, pelo menos, três igrejas que testemunham a passagem dos portugueses por esta região. Fiquei num chalé, situado numa espécie de complexo turístico com piscina e escorregas, onde dei de comer a cerca de 7 ou 8 mosquitos sedentos e ingratos, que decidiram não respeitar as fronteiras da minha rede mosquiteira esburacada.
Daqui levo na memória que tenho de ver o filme “Assalto ao Banco Central”, que se passou em Fortaleza, a quantidade de modelos da Fiat diferentes dos que existem na Europa (o Fiat Uno ainda se vende por aqui!) e o programa de rádio à hora do almoço da Rádio 100, “Vale a pena ter saudade”, onde o locutor, com a sua voz grave, melodiosa e sensual, l~e mensagens de apaixonados dedicadas aos amores das suas vidas, enquanto a banda sonora do Titanic toca lá no fundo...
Vamos seguir viagem para São Paulo e depois para Porto Alegre, terra dos gaúchos. Espero poder descansar e trabalhar no fim-de-semana.
Até mais!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Aeroporto de Brasília, Presidente Justino Kubitschek - 27/02/2012

Já nem me vou atrever a dizer que voltei e que vou compensar o tempo em que não vim aqui dar novidades com posts actualizados de tudo o que se foi passando na minha vida desde o dia em que deixei a Irlanda para ir à Albânia. Fico cheio de vergonha...
No sábado 25 começou mais outra viagem. A um país que nunca tinha visitado na vida, apesar de ser provavelmente um dos mais presentes no meu quotidiano quando ainda morava em Portugal. Sim, adivinharam, estou a falar do Brazil. A partida foi à tarde com uma passagem curta por Londres e com direito a dormida em Lisboa.
Tive a sorte de poder ir jantar com a minha família e celebrar com todos o 30º aniversário do meu irmão, a quem dei as boas vindas aos fantásticos “intas”. Também lhe oferecemos, eu e a Lenka (alguém que tenho de apresentar neste blog), uma camisola da Selecção de futebol da República Checa, com o seu número preferido, o 3, e o nome “nuno”. Como ele disse depois, é “a melhor prenda do mundo de sempre, mesmo aos 30”. Durante 4 anos vamos estar na mesma década e ambos longe de “casa”, mas vizinhos de ilhas, já a partir de março.
Experimentei a cama fofinha do Sofitel da Avenida da Liberdade, hotel que recomendo pela simpatia com que fui recebido e pelo estilo do quarto. Não é à toa que é um “luxury hotel”, com a atribuição recente da última e quinta estrela que lhe faltava no currículo.
De manhã, já no aeroporto, a equipa, desta vez ibérica com presença maioritária portuguesa, juntou-se para o longo vôo de 9h40 até Brasília. Foi uma estreia para mim viajar em classe executiva num vôo tão longo com a Nossa companhia aérea. E foi uma boa experiência! Não fica nada atrás de outras companhias com as quais viajei, com a vantagem da língua, da comida tradicional (um pastel de nata a 10000km de altitude sabe tão bem!), dos vinhos de qualidade (Quinta do Côto, Douro, tinto – Muito Bom!). Interessante também verificar que a idade dos comissários de bordo e hospedeiras nesta classe é acima dos 50. Os efeitos colaterais são a utilização de um inglês quase impercéptivel, mas dou o braço a torcer, hilariante e uma certa pronúncia “à tia” algo irritante. Mas sempre muito simpáticos!
Aterrámos na capital do Brasil, debaixo de 29ºC. A cidade e distrito federal , Brasília, caracteriza-se pela sua imensidão plana e pouca presença de água. Foi construído um lago artificial para ajudar a criar alguma humidade à cidade. No caminho para o hotel passámos por alguns edíficios emblemáticos como o Congresso, a Catedral de Brasília e um museu mais recente, todos (ou a maior parte) com o dedinho do famoso, e já velhote (tem 100 anos!) arquitecto Oscar Niemeyer.
Depois de uma confusão com as reservas e o hotel em que íamos ficar (e onde acabámos por ficar graças à insistência convincente do nosso “chefe”, pudemos disfrutar de um jantar do outro mundo num restaurante chamado “Fogo de Chão”. Trata-se de um rodízio de carne grelhada, típico do sul do Brazil, com as carnes mais saborosas que já provei na vida. E para abrir o apetite, tomámos uma caipirinha e tudo.
Hoje não houve tempo para visitar fosse o que fosse, só mesmo uma reunião de trabalho com os nossos colegas brasileiros. É também uma estreia para mim, e um privilégio, poder utilizar a nossa língua mesmo quando estamos a trabalhar, contrariando um pouco a omnipresença do inglês. Almoçámos no restaurante do Ministério e percebemos porque é que tanta gente vai lá almoçar: é tudo bom e fresco!
Entretanto partimos a equipa ao meio e estou, mais a colega portuguesa, à espera do avião que nos vai levar ao Recife. Depois ainda temos outro avião até Fortaleza e por lá ficaremos até sexta-feira. Acho que é uma sorte poder visitar o nordeste (ler com pronúncia brasileira nordestina!) e testemunhar a riqueza cultural e natural deste imenso país. Espero poder partilhar convosco o que for vendo e sentindo.
Até breve!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Tirana, Albânia - Parte I

Ora cá estou eu de volta! Sim, sim, sou mesmo eu, aquele que nem consegue acabar os posts das viagens, já para não falar dos outros sobre aquilo que se vai passando com a vida pachorrenta, mas feliz, na Irlanda. Pois como referi no post anterior, visitei todos os sítios que mencionei, sendo que aquele de que gostei mais foi La Rochelle. Por estar perto do mar, pela arquitectura, pelo centro medieval da cidade, pelo mercado municipal... Vale a pena passar umas férias por lá e aproveitar também a comida e vida nocturna desta cidade à beira-mar. Foi uma, senão a mais complicada e stressante, missão que já fiz até hoje. Tive bastante ajuda dos peritos que vieram connosco mas quase nenhuma, para não dizer mesmo nenhuma, contribuição que se visse do "grande"... Sim, daquele sobre quem vos falei há uns tempos quando estava no Gana. Passada a fase penosa da elaboração do relatório, que se atrasou imenso desta vez por culpa exclusivamente minha e da minha falta de inspiração declarada, o cancelamento da visita à Venezuela veio a ser uma benção par poder assentar arraiais. Sendo assim, aqui estou, de viagem mais uma vez. E com um novo passaporte! Não, não mudei de nacionalidade, apenas de passaporte. Tudo feito na embaixada de Portugal em Dublin, com direito a cartão do cidadão e tudo. E com morada actualizada. A Direcção Geral da Administração Interna aliás fez questão de me avisar por carta, enviada para Trim, que o meu recenseamento eleitoral em território português foi automaticamente cancelado. sendo assim, se quiser votar (em todas as eleições excepto as autárquicas) terei de me inscrever no consulado, o que farei com muito gosto porque gosto de exercer o meu direito de voto sempre que posso. E onde estou? Em Tirana, capital da Albânia, um país dos Balcãs, zona mais conhecida por ter sido a origem de duas guerras mundiais. Vão ser duas semanas a visitar este país, recém saído de uma ditadura que arruinou o pouco que ainda havia por arruinar. Estou num hotel que fica numa zona que dantes apenas era acessível por quem fazia parte do partido do poder pois era aqui que se encontravam as vivendas dos altos dirigentes, ditador e primeiro-ministro incluídos. Toda a cidade está meio arruinada, meio em renovação. A zona dos edíficios governamentais mantém a traça original, da época da influência do fascismo de Mussolini. Os italianos têm uma enorme influência neste país, onde grande parte da população até fala italiano. A distância mais curta entre a costa da Albânia e da Itália é de 80km. Mais a sul, irei visitar um sítio donde consigo ver a ilha grega de Corfu, que me dizem poder alcançar facilmente a nado... Fomos extramamente bem recebidos e a simpatia para já impera. Alguma surpresa também por verem inspectores tão novos pela primeira vez a fazerem uma auditoria deste género... Isto deixa-nos sempre de pé atràs. Já tivemos oportunidade de provar o peixinho da Albânia e é muito bom e fresco. Jantámos num sítio bem agradável, apesar de ainda se poder fumar dentro dos restaurantes. Tivemos o privilégio (digo eu) de jantar com um dos vice-presidentes da câmara municipal de Tirana, que é veterinário. Aliás, à semelhança do Presidente do país! Bela representação da profissão! Conversámos sobre vários temas e pudemos aperceber-nos da herança pesada que o regime comunista deixou nestas pessoas. Amanhã começa a sério. Vamos ver o que dá... Beijinhos e abraços. P.S.: Sut-Leng e Júlia, desculpem não ter respondido aos vossos comentários!! O tempo que estive em Paris foi curtíssimo e todo passado a trabalhar. Tenho de planear uma visita mais longa e para descansar...