segunda-feira, 14 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

Ndanka, ndanka... In the Gambia

Ou seja “Fácil, fácil... na Gambia”. É a frase a ter sempre presente neste país que não chega sequer a dois milhões de habitantes. Rodeado por outro país, o Senegal, e divido ao meio por um rio, a Gambia vai da costa atlântica até ao interior do oeste da África, como se de um sorriso rasgado se tratasse. Espreitem num mapa e logo verão...
A chegada ao aeroporto de Banjul na terça-feira 8 de Março, a capital da Gambia, foi pacífica. À saída somos logo abordados por pessoas que nos cumprimentam, perguntam se a nossa viagem correu bem e nos dão as boas vindas ao país. Mas não fazem parte de nenhum comité de recepção... São taxistas, carregadores de malas, adolescentes que procuram uns trocos. É de louvar a diligência e agilidade que demonstram em falar inglês e outras línguas.
Ficámos alojados no Ocean Bay Hotel. Nada de grandes luxos, porque a crise não está para isso e porque viemos trabalhar, não para passar férias. A caminho do quarto, passamos entre a piscina e um palco onde um grupo cultural local toca ruidosamente jambés e tambores ao mesmo tempo que dançarinos se vão mexendo freneticamente no que penso ser uma dança tradicional (mudam todos os dias e têm nomes como Kulula Acrobats ou Gunjuja Local Cultural Group ou The Brothers Band...) As palmeiras vão balouçando ao sabor do vento e consigo sentir o cheiro do mar bem perto. Que bom! Para ajudar estão 27ºC... Parece verão.
Num país maioritariamente musulmano, as pausas para rezar são evidentes quase em todo o lado. Banjul fervilha de actividade, mas muito dela é feita a pé e manualmente. Há estradas alcatroadas, semáforos e até bombas da GALP. Mas também há muita confusão onde as regras de trânsito parecem não ter razão de exisitir, sobretudo nas ruas mais movimentadas. Todos os dias se vêem os alunos, fardados, a caminho da escola. Para encurtar a distância, muitos pedem boleia e lá conseguem seguir apinhados em pick-ups ou carrinhas Hyace ou Mercedes bem velhinhas. Aqui cultiva-se a arte da boleia... Pela estrada vêem-se indivíduos parados nas bermas, a cada 10 metros, de mão estendida, à espera que alguém pare para os levar... Os taxistas enchem os táxis o mais que podem e vão buzinando aos que esperam nas bermas como que a dizer “ainda há espaço aqui dentro para ti...”. Ir à casa de banho por aqui é uma aventura. Não há papel, mas há um recipiente com água para nos lavarmos e o autoclismo funciona a maior parte das vezes. A estrutura em sim é que deixa muito a desejar. Valha-nos o hotel! Menos na internet, que só se pode aceder desde o lobby e a maior parte das vezes é incerta...
Temos a sorte de ser transportados num Nissan Qasqai branco, novinho em folha, com dois grandes autocolantes de cada lado com a bandeira da União Europeia. Nem de propósito! Fiquei surpreendido com o carro... Espaçoso, traz ar condicionado de série (que aqui dá muito jeito!), rádio com CD e entrada para MP3 e Bluetooth. Para além disso, traz também limitador de velocidade e cruise control. A maior parte dos comandos também se encontra no volante. Acho que é a primeira vez que me sento num carro tão bom, pertencendo à autoridade competente do país que visito. Num gesto de boa vontade, e porque o nosso condutor é um homem extremamente procurado devido ao cargo que ocupa, decidi ensinar-lhe como funciona o Bluetooth. Foram 45 segundos para emparelhar o telemóvel com o carro... Quando o experimentou pela primeira vez, após ter acabado a chamada, começou a bater palmas e a rir-se!!! Comentou mesmo que “tinha de dançar a esta descoberta!”. Impagável!
Sendo um país pequeno, não temos saído muito de Banjul. Apenas ontem fomos a Tanji, uma comunidade piscatória onde se descarga pescado na praia. Canoas ou pirogas, que podem chegar a levar 40 pescadores, lançam-se ao mar diariamente. Muitos deles não sabem nadar... Pergunto-me como é que conseguem sobreviver em embarcações de aparência tão frágil à distância... A pseudo-lota fervilha de actividade. Pescadores, compradores (na sua maior parte mulheres), cestos de plástico a abarrotar de peixe, pedreiros (estão a construir um cais de descarga), míudosque parecem perdidos, curiosos... Um mar de gente, de ruído, de cheiros, onde não faltam as cores garridas dos trajes. Sou abordado por uma horda de pequenotes que me dizem “hello!” a sorrir, à qual respondo com um “hello” também... Um deles mais velho pergunta-me se não tenho material para os rapazes... Infelizmente não tenho... E lá vão à vida deles.
Adquiri uma série de recordações na loja adjacente ao hotel (tenho uma tão gira para a minha afilhada!!!), a rapariga que me atendeu, chamada Miljie, disse-me que se tivesse algum problema com qualquer dos artigos que comprei que fosse ter com ela e não com a senhora que costuma estar na loja da parte da manhã. A Miljie fica a tomar conta da casa de manhã, onde mora com os pais, as irmãs e uma tia. Cozinha o almoço para todos e depois vem trabalhar na loja das quatro às nove. Não foi à escola porque não tinham dinheiro... Mas está a poupar para tirar um curso de informática. Desejo-lhe sorte.
Pelo meio das nossas visitas, encontro um espanhol da Corunha. As nossas perguntas em inglês pareciam não lhe dizer grande coisa, mas o francês já era perceptível. Começamos a falar e às tantas apercebo-me de que tem um sotaque muito iberizado... Pergunto-lhe se é francês ao que me responde que não, que é espanhol. “Podemos hablar español...” digo eu. Que grande sorriso fez! Achou que eu também era e contou-me logo a vida dele... Mais um pouco e íamos tomar umas “cañas” algures na praia!
Para já é isto... Ah! Também já aproveitei o sol e calor que faz ao final da tarde na piscina para um mergulho e uma leitura mais descontraída.
Partimos na terça-feira à noite, para chegar de madrugada a Bruxelas. Se não vier aqui antes, um até já!

terça-feira, 8 de março de 2011

Aeroporto de Bruxelas, Bélgica

Estreia absoluta!
É a primeira vez que estou a escrever desde este aeroporto que me traz tantas saudades... Infelizmente estou só em trânsito e não dá para ir visitar os amigos... Vai ter de ficar para uma próxima oportunidade que espero não demorar muito a acontecer.
Esta grande ausência neste blog (sim neste, porque vou sempre lançando uns bitaites noutro que vocês já conhecem de certeza e que visitam todos os dias, o www.futlol.blogspot.com) deve-se a muitos factores, mas todos positivos acreditem. Desde a minha última missão o ano passado que estive de "castigo" na "quinta" e só agora vou começar a minha primeira missão do ano. Acabei 2010 em África e começo com... tchan,tchan,tchan... África! Vamos uma semana para a Gambia, país conhecido por estar rodeado por outro, o Senegal. Vou com uma colega, a "chefe" da missão, que já lá esteve o ano passado e sobreviveu, por isso estou descansado. Espero ter acesso à internet para poder partilhar convosco, novamente, o meu dia-a-dia e talvez quem sabe o que se tem passado nestes últimos meses na minha vida. A ver vamos...
Agora vou aproveitar o sol que invade o lounge da Brussels Airlines!
Inté já!