sábado, 4 de setembro de 2010

Mahogany Lodge, Accra, Ghana - Part V

Sábado de trabalho. Há muito que não me acontecia. E até estava a correr bem até à hora que decidimos parar, por volta do meio-dia... A partir daí foi o descalabro. Continuando na senda da aprendizagem com os "grandes", hoje tive direito a mais uma lição sobre como perder ainda mais tempo desnecessariamente. Então é assim: passamos a noite em casa de uma amiga e de manhã, 10mn antes do carro nos vir buscar ao hotel, ligamos ao colega (eu, o "míudo") a avisar que já estamos na cidade, para eu não ficar preocupado por não o ver no hotel, e que já sabem onde o podemos ir buscar. Devíamos sair às 09h00 do hotel, directamente para o porto de pesca de Tema... Quando chegámos ao pé do "grande", eram 10h00, porque ninguém sabia onde era a embaixada do país x, e ele estava todo contente no jipe da amiga, com o seu saquinho de roupa lavada... perdemos uma hora e meia com a brincadeirinha. Excelente técnica, devo dizer. De se lhe tirar o chapéu.
Deu-me tempo para ver o palácio presidencial, cuja construção foi inspirada pela forma típica de un barco tradicional. Muito imponente e até tem um hospital e tudo. É tipo a Casa Branca, como eles gostam de dizer.
Não sei se foi por ser sábado, mas a riqueza de vendedores de rua bateu os recordes todos... Havia: dvds, cds, sapatos, chinelos, meias, mapas de Accra e do Ghana, amedoins, fritos de várias formas e tamanhos, óculos de sol, relógios, pulseiras, super-cola, spray para limpar o pó, líquido para bochechar... Enfim, e todos os outros items dos posts anteriores!!!
Vi uns cinco cortejos de casamento, ocasião muito importante na vida dos ganeses, assim como os funerais. Cores dominantes nos casamentos são o branco e o vermelho, mas o cor-de-laranja e o amarelo também se juntam à festa.
Como disse antes, parámos por volta do meio dia e a partir daí começou o azar. O "grande" decidiu que queria comprar frutas na beira da estrada ou num supermercado e com essa missão tão importante seguimos caminho. Apanhámos filas, e filas, e filas, e filas e filas de trânsito porque os colegas decidiram levar-nos por uma estrada junto ao mar, talvez mais pitoresca ou apenas em direcção a um supermercado. E até foi, mas demorámos uma eternidade... Duas horas depois, decidiram para num restaurante para almoçarmos (e já vinha mesmo a calhar) e o "grande" disse muito rispidamente: "vamos parar?". Responderam-lhe: "Sim, para almoçar e depois seguimos até ao supermercado e depois para o hotel". "Ah, mas eu não preciso almoçar, podemos ir para o hotel e vocês devem querer estar com a vossa família, como é sábado... E tu Telmo, precisas de almoçar?". Eu disse: "O problema não é eu precisar de almoçar, é eles precisarem de almoçar...". O chefe dos colegas, que ia a conduzir o nosso jipe, decidiu então separar-se do carro dos outros colegas e seguiu connosco, enquanto os outros ficaram a comprar o almoço (soube mais tarde que acabaram todos por ir comer no escritório, num sábado, às 16h30...). Mais trânsito, mais um atalho e mais filas até chegarmos à entrada do parque do supermercado. O "grande" decidiu abrir a boca outra vez: "Mas não há um sítio onde eu possa comprar 3 maçãs e 1 ananás sem andarmos às voltas?". E eu, já com a mostarda a dar sinais de que não tarda ia chegar ao nariz, respondi: "Como não vamos todos ao supermercado, vais andando com um colega enquanto nós entramos no parque e depois vens ter connosco, está bem?". E lá foi, depois de me ter perguntado se eu queria alguma coisa... Quero, pá! Quero que me desapareças da frente! Fónix!... A resposta foi mais: "Não obrigado, não preciso de nada." Três sacos amarelos cheios de fruta e iogurtes depois, pudemos continuar até ao hotel onde chegámos às 16h00... três horas e meia depois de ter acabado o trabalho. Não pude deixar de sentir pena dos colegas que, abdicando do seu sábado em família, ainda estavam com paciência para nos aturar ao almoço e acabaram por levar uma nega tão deselegante, para não dizer outra coisa. Fiquei envergonhado e com vontade de me enfiar num buraco, acreditem.
Matei a fome depois de 8 horas de jejum com umas costeletas de porco, batatas fritas com ketchup Heinz de garrafa de vidro, o verdadeiro, e uns vegetais para compor o prato. Soube que nem ginjas!
Amanhã haverá trabalho, mas sem sair do hotel. É dia de por as notas que tirei durante as visitas em ordem e depois mandar tudo para o "grande" fazer o seu trabalho.
Boas noites!

2 comentários:

Laís S. disse...

Olá! Dscobri seu blog por acaso. Gostei dos posts,sua maneira de transcrever os acontecimentos. Ha,eu envenenaria o "grande". Rs. Abraço brasileiro. Laís.

Telmo disse...

Obrigado pela visita Laís. Volte sempre. E quanto ao "grande", há que continuar a aprender com quem sabe e depois escolher o que fazer.