sexta-feira, 20 de junho de 2008

Quebrar o silêncio...

Faz hoje duas semanas.
Há duas semanas atrás eu estava em Brescia quando a Rita me ligou a contar que tinha tido um acidente de carro, nessa madrugada...
O sentimento de impotência para ajudar quando se está a milhares de km de distância é difícil de descrever. E não estou a falar de ajudar porque me sinto na obrigação enquanto marido de o fazer ou porque as pessoas esperam isso de mim, não... estou a falar de ajudar alguém muito especial e importante na minha vida, de quem sou, antes de tudo o mais, muito amigo.
Até à data, a Rita e eu temos sido uma equipa, diria mesmo, uma excelente equipa. Já ultrapassámos muitos obstáculos juntos e parece que este último também estamos a conseguir.

Desde esse dia fatídico, andei de comboio 2 vezes e 5 vezes de avião por 4 países diferentes para poder ajudar quem precisava de mim. Não consigo sequer imaginar como estaria neste momento se não fosse a Rita que me tivesse ligado... O vazio que se instalaria, do qual felizmente não tenho sequer a mera amostra ou vislumbre, certamente apagaria a minha vontade de continuar a viver... Não poder partilhar as tristezas e os sucessos com alguém que nos compreende por dentro e por fora tornar-se-ia um exercício difícil na solidão de uma vida "a um".
Decidi quebrar hoje o silêncio porque a Rita está num dia de team building (já soube que se está a divertir muito e está feliz. Não imaginam como isto me alegra, depois de duas semanas de recuperação com progressos consideráveis.) Sendo assim, fiquei por minha conta em Lisboa. Isto já não me acontecia desde... o ano passado, acho eu. É estranho porque a minha vida já não se desenrola nesta capital e apesar de haver imensas coisas para fazer, bloqueie um bocadinho até me decidir.
Tinha um recado para fazer (que ficou incompleto, mas não por minha causa) e depois fui almoçar com os meus antigos colegas da Direcção Geral de Veterinária. Quando cheguei, só encontrei o Pedro porque os restantes já tinham saído. Acabei por almoçar numa cozinha improvisada nos antigos estábulos... Fenomenal!!! Tive um almoço verdadeiramente tuga, de fogareiro e vinho alentejano de pacote, com direito a aperitivo, café e xiripiti caseiro. Terminámos com o "jogo da moeda". Quem disse que os pequenos prazeres da vida eram o que a tornava interessante, tinha toda a razão. Passei um pouquinho da tarde a conversar com o resto do pessoal (Ana, Patrícia, Francisco, Cardo e Xana) e descobri que está tudo na mesma ou pior... Reforça sempre a minha certeza de ter tomado a decisão acertada há um ano de ir para fora, mas entristece-me, por eles, que são uns colegas excelentes e com quem adorei trabalhar. Positivo foi que, como não consegui almoçar com todos, talvez consiga jantar com os que faltaram, isto é, se a Rita não precisar de mim mais logo.

Quebrei hoje o silêncio, mas não espero voltar aqui tão cedo... O silêncio ajuda-nos a reflectir e depois do que aconteceu, juntando o "lusco-fusco" e o "céu cair-nos em cima das cabeças" das minhas últimas intervenções, só me resta remeter-me ao silêncio, que tão meu amigo tem sido.

Até um dia destes.

3 comentários:

Anónimo disse...

amigo, com palavras no ecrã ou sem elas, estás sempre presente. o importante é que tu e a ritocas estejam bem. abraço e até já

rosarinho disse...

Foi tão bom ler-te outra vez! Cada dia que passa fico mais orgulhosa de ser tua sogrinha, mas acima de tudo tua amiga para sempre! Força, Telmicos! Never give up when you know what to reach!

Anónimo disse...

o silêncio é bom para reflectirmos sobre aquilo que nos vai acontecendo de bom ou menos bom. Mas partilhar as nossas vidas, também é saudável e liberta-nos a alma. Rever pessoas com quem convivemos noutras situações, também nos faz bem porque damos valor à nossa situação presente. Vejo que a Rita está a entrar em força na sua vida activa o que para ti também é bom porque quando tiveres de ir embora,vais mais confiante. Um grande beijinho para ti e para ela também não esquecendo uma festinha ao scott.Tia Nita.