terça-feira, 24 de junho de 2008

De volta ao que me tornei nos últimos meses...ou quase

Pois é...o Telmo acabou de seguir para o aeroporto. Amanhã vou trabalhar, para já só durante as manhãs. Parece que a pouco e pouco, tudo começa a voltar ao normal antes do acidente. Esta simples reflexão tem tudo para ser uma ode à felicidade, mas nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Nestas mais de 2 semanas forçadas de vida a dois, sentimos muita coisa boa e muita coisa estranha: já não nos conhecemos tão bem. Outra coisa não seria de esperar, até porque vivemos separados, em países diferentes há já quase 1 ano e meio. Criámos ambos rotinas próprias, defesas próprias,....longe do habitual "comuns" dos casais. A vida continuou para ambos, e embora seja inquestionável a importância que cada um tem na vida do outro, somos uma Rita e um Telmo diferentes do que éramos quando em Março de 2007 começou a aventura belga, de que tanto me orgulho. E o fim não tem vista. A carreira do Telmo será certamente internacional, sempre com todo o meu apoio, na Bélgica ou noutro sítio qualquer, e a minha para já está cá. Efectivamente eu gosto do "lá fora", fui feita para viver lá fora, mas estou muito entregue ao que vou fazendo por aqui...
Cá estou eu agora em casa, numa fase que sei ser temporária, sem Scott, só com uma mão disponível mas que já me permite fazer muita coisa de subsistência básica, com a Lurdes a ajudar na lida da casa, e com uma realidade que me fere muito: a precisar de alguma ajuda. E quem me conhece, sabe que pedir ajuda não é o meu forte. Detesto estar dependente de alguém e no entanto não tenho jeito nenhum para estar sozinha...que paradigma enorme.
Não aguento mais alguns dos circunstanciais "e se precisares de alguma coisa, já sabes, é só avisar"...porque é que dizemos isto da boca para fora? Acredito que há um grupo muito reduzido de pessoas com as quais posso realmente contar (aliás é fácil descobri-las...quando estamos mesmo mal, esses nomes sobressaiem com uma naturalidade atroz), mas a outra maior parte?! Vai andando por aí e se tudo se conjugar pode ser que haja algum momento onde efectivamente possam ajudar.
Cá estou eu, outra vez sozinha (sim, porque mesmo com o espaço desconhecido que se instalou entre nós, só não me sinto sozinha quando o Telmo está por perto), uma vez orgulhosa por levar tão bem a minha vida de mulher independente e outros dias a ter que lutar para encher os meus momentos de afazeres interessantes que me afastem de tudo aquilo que me consome: as minhas dúvidas, os meus erros, as minhas mais puras emoções, os meus medos, a minha inércia, o meu "deixa ver onde isto vai dar"...cá estou eu, quase de volta ao que me tornei.
Vou continuar a fazer tudo para me tornar autosuficiente outra vez, e vou, como sempre, continuar a nadar. Tenho sempre esta ideia de que a vida é uma enorme piscina com muitos poucos sítios com pé. Sempre que temos um desafio que nos faz sofrer ou adaptar a alguma coisa na vida, imagino que estou numa prancha e que tenho 2 opções: saltar e nadar até á berma ou saltar e afogar-me. Até agora, saltei e nadei sempre...mesmo com caimbras, mesmo contra correntes, nadei sempre...e vou continuar a nadar enquanto tiver um restinho de força dentro de mim.
Até logo!

P.S: não te vou agradecer porque não preciso e sei que ficavas triste...foste o melhor enfermeiro de serviço que poderia ter...vou tentar cuidar tão bem de mim, como tu fizeste.

1 comentário:

rosarinho disse...

Não vou dizer o quanto te adoro, filha, porque tu sabes, mão vou dizer ao telmo como lhe estou também agradecida, mas vou dizer como voces são mesmo especiais para mim!