quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Traçar metas

Mais um dia nas belas praias do país basco francês, mais um assalto de pensamentos profundos...porque é que se não traçarmos metas andamos à deriva ou ficamos sem objectivos?


Acordámos a meio da manhã ao som dos lindos pássaros que tocam a cada hora no relógio da cozinha (sim, todos os dias, a todas as horas, um pássaro diferente chilrea...cenas weird dos donos da casa que alugámos...ingleses...) e ao contrário do que a meteo tinha previsto, estava um sol abrasador e nem uma brisa. Fomos céleres e rapidamente chegámos a Ilbarritz...bandeira vermelha. Recapitulando: grande sol, nem uma brisa, grande mar com grandes ondas, bandeira vermelha, interdiction de se baigner...Meia volta e dirigimo-nos para a praia na Baia de Saint Jean de Luz, a tal que há uns dias atrás tinha tanto vento que nos enchia a boca de areia...hoje estava perfeita. E foi mal assim que cheguei que me pus a pensar sobre as metas que nos propomos atingir e que na realidade fazem com que a nossa vida ande para a frente sem estarmos à deriva...Isto porque ao longe no mar estava uma barreira de boias e a primeira coisa que disse ao Telmo foi que tinhamos que ir até lá a nadar...era longe, natação é declaradamente um dos poucos desportos onde sou melhor que ele, mas tinhamos de conseguir...será que se não houvesse aquela barreira, eu teria tido a ideia de nadar até meio do nada? Certamente que não...Lá fomos, e chegámos com algum esforço mas atingimos a meta. E eu senti-me feliz. Será por isso que sempre que não estipulo metas me sinto perdida, à deriva? Será por isso que quando deixo que o medo me domine não defino claramente objectivos e sou mera espectadora do que a vida tem para me oferecer e me sinto adormecida numa corrente? Será que quando não nos ajudam a definir metas, como por exemplo aquela barreira que já lá estava, às vezes nos retraimos e deixamos andar até que nesse deambular apareça algum sinal que nos faça tomar o pulso e definir uma rota consciente? Será? É provável...e hoje percebi que preciso de barreiras de boias para me ajudarem...ou eu ou alguém tem que as pôr lá por mim...depressa...

No meio destas deambulações, lá estavam os ajuntamentos de senhoras francesas idosas, a fazerem-nos pensar na velhice e a mostrarem-nos que velhos são os trapos, embora efectivamente a pele delas esteja bem longe de emanar juventude...mas ouvi-las falar, com os cabelos todos arranjados, algumas em topless, todas com óculos de sol, fez-me ter medo de chegar à idade delas e de não ter o meu grupo de amigas com quem, com pele caída e varizes, passar belos dias na praia a falar de tudo e de nada, mas a viver...com alegria.

Como disse uma vez o meu Director Geral, parafraseando alguém que não me recordo..."Se não sei para onde vou, nunca vou saber se lá cheguei"...lá está, traçar metas...

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