terça-feira, 8 de junho de 2010

Puerto Baquerizo Moreno, San Cristobal, Galapagos, Ecuador – Part I

Sábado, 5 de Junho de 2010

Estou a escrever este post numa cama de rede que tenho dentro do quarto, aqui no “hotel” Casa Blanca. O quarto não tem televisão, o tecto é azul, as paredes brancas excepto uma que está decorada tipo fundo do mar com peixes, tartarugas, tubarões e “lobos marinhos” como lhes chamam aqui (mas parecem-se mesmo muito com focas).
Chegámos pelas 12h40 locais, menos uma hora que no Ecuador continental e menos 7 que na Irlanda e Portugal. Fomos acolhidos pelo nosso guia Jose (ler com pronúncia espanhola!!) e eu fiquei logo com a ideia que todos os guias na américa latina se devem chamar Jose, tal como aconteceu no México, já há 11 anos atrás... Pusemos as malas na parte de tràs do taxi pickup, como todos os outros aqui na ilha, e o Jose foi-nos explicando o que iríamos fazer durante a tarde. Instalámo-nos na Casa Blanca e fomos almoçar peixe grelhado antes de começar. Em seguida caminhámos até ao Centro de Interpretação das ilhas e demos logo de caras com os lobos marinhos, espalhados pelas rochas, na areia, debaixo das árvores, a curtir o calor dos 29ºC... Foi uma surpresa para mim a proximidade e o à vontade com que estes mamíferos marinhos nos brindam e isto foi só o princípio... No centro, o Jose explicou-nos a origem das ilhas, as suas características e evolução, os acontecimentos históricos e várias fases de colonização das ilhas e o trabalho de Darwin que foi quem deu a conhecer ao mundo este paraíso. Entretanto, a caminho do centro parámos na agência de viagens do Jose e suas irmãs para recolher equipamento de “snorkelling” (acho que ainda não há tradução para isto em português...). Depois fomos directos para uma praia, e no caminho para a mesma pude ver iguanas marinhas, completamente pretas, da cor das pedras vulcânicas constantemente banhadas pelas ondas. Fiquei mesmo impressionado com a quantidade e côr destes répteis, que deixam trilhos na areia com as suas caudas compridas. Vimos também pardais, pelicanos, “fragatas” (uma ave de grande envergadura que tem por característica roubar a comida aos outros pássaros para sobreviver), caranguejos eremitas, garças boieiras... E quando chegámos à praia (nós e mais um bando de putos irritantes pelo barulho que faziam...) mais lobos marinhos estavam a curtir as ondas, as rochas e a areia. Pusemos o equipamento de snorkeling e nadámos um pouco para ver os peixes tropicais e duas tartarugas marinhas, bem grandes, ali tão perto. Como os putos também estavam a fazer snorkeling havia muita confusão e decidimos retirar-nos para aproveitar o quente final de tarde. Estar perto do mar é um recarregar de energia e positivismo constante e quando os putos se foram embora foram os lobos que tomaram o seu lugar na água, na areia, a palmos de distância... Uma delícia!
O Jose tem 33 anos e dois filhos. Um com 3 anos e outro com 5. Cada um de sua mãe, uma galapaguenha e outra alemã. Guia há já 13 anos na ilha de San Cristobal, junto com as suas irmãs, gere uma pequena agência de viagens dedicada só a actividades turísticas, na capital das Galapagos, Puerto Vaquerio Moreno. Conhece toda a gente, desde taxistas, empregados e donos de restaurante, lojistas, a pessoas que passam na rua. Fala inglês e começou a aprender alemão quando visitou o seu filho mais novo, perto de Kaiserslautern. Dá-se bem com as suas antigas namoradas (nunca chegou a casar) e está em contacto com os seus rebentos. Entretanto, porque o Jose gosta de “chupar “ (beber, por estas paragens) e “bailar”, não tem tempo para assentar, nem quer. Há coisa de um mês, Jose voltou a encontrar o amor na forma de uma norte-americana chamada Emily, originalmente do Kansas, mas a viver actualmente no Colorado. Emily estudou gestão de recursos naturais numa universidade que lhe deu a oportunidade de vir passar um mês na Universidade das Galapagos. Ela gostou tanto que quis regressar, e veio agora por oito meses fazer voluntariado e ensinar inglês aos alunos ecuatorianos da universidade. Emily tem um ar mais jovem que Jose, usa tótós e boina tipo tropa chinesa comunista, e quando chegou à praia onde estávamos, com as suas colegas professoras e dois amigos, veio logo sentar-se ao pé do nosso guia.

Partimos já o sol se tinha posto e marcámos encontro para o jantar às 19h30. Jantámos no restaurante “La Playa”, no final do passeio marítimo da vila. Uma bela “parrillada” de marisco... Que bem que soube! A meio do jantar, aconteceu uma coisa curiosa: um batalhão de homens, todos à civil, interrompeu a sua marcha militar mesmo em frente ao restaurante. O Jose explicou-nos que ao sábado à noite os magalas têm ordem de soltura para poderem extravasar a sua alegria nos bares e discotecas, depois de uma semana fechados no quartel. Mas antes da diversão, há que marchar à civil nas ruas da cidade!!! A praia mesmo em frente ao passeio é o dormitório dos nossos já decididamente amigos lobos... São às centenas e é vê-los a espreguiçar os seus corpos redondos na areia, esfregando-se uns nos outros, andando e parando com pesar, bufando e espirrando, alimentando os mais novitos ou então simplesmente... dormindo. Tudo isto à distância de... um nada! Apetece tocar, dar festas e abraçar... Mas não se pode. Apesar de alguns parecerem cachorros, continuam a ser animais selvagens. E todos aqui levam muito a sério o tema da conservação e protecção da natureza. É o principal ganha-pão de muitos.

Amanhã há mais aventuras. E começam bem cedo, por isso... Cama!

2 comentários:

Unknown disse...

Opá!!!que bom ler as tuas aventuras!!! muitos beijinhos e aproveita ao máximo

Célia Mesquitainufl

Anónimo disse...

Que paraíso tu foste encontrar.Muito bom.Continua.jinhos.Tia Nita