terça-feira, 23 de novembro de 2010

Annaba, Argélia

Segunda-feira, 22 de Novembro de 2010
Chegada a Argel, já de noite no Domingo. Encontrámo-nos todos num aeroporto moderno e com boas condições. O nosso contacto já nos esperava e assim que recolhemos as malas, fomos conduzidos ao hotel. Passámos por auto-estradas com controlos policiais que reduzem as faixas de três para uma , dificultando o trânsito, já de si complicado. Conduz-se depressa, sem respeitar os traços nas vias ou os piscas. Vamos num jipe e o condutor acha-se todo poderoso porque enfia o veículo na direcção programada sem pedir licença. Deixamos as estradas maiores e entramos em ruinhas e ruelas ziguezagueantes, ora a subir, ora a descer... Passamos por ruas apinhadas de carros estacionados dos dois lados, num labirinto que parece não ter fim. Finalmente, depois de uma subida mais desafogada, chegamos ao destino, o Hotel El Biar. Nada de especial, muito pelo contrário. Decoração minimalista sem gosto nenhum, corredores de quartos que fazem lembrar os prédios dos anos 50 em Lisboa... Há internet à borla, o que é sempre bom, e um restaurante com comida barata e boa e que soube mesmo bem para um final de dia cansativo. Não estou aqui para turismo, por isso “dá para os gastos”.
De manhã somos recebidos com chuva e trovoada, um pequeno-almoço ainda mais minimalista que a decoração do hotel, onde as metades de “baguettes” torradas parecem ter sobrevivido penosamente ao fim-de-semana todo... Embrenhamo-nos de novo pelo labirinto da capital argelina e consigo avistar, não muito longe mas impossível de alcançar por causa do trânsito imóvel, a chancelaria da embaixada de Portugal com a nossa bandeira desfraldada. Sorrio... É como estar mais perto das origens, sabe bem e dá confiança para a reunião inicial. No centro cosmopolita de Argel, as ruas são largas, geométricas, mas não menos ocupadas por carros, autocarros, motas e pessoas e mais pessoas... Os prédios são altos, brancos, preenchidos por varandas de ferro forjado azul marinho, cada uma com a sua antena parabólica... Ao nível do rés-do-chão, grandes colunas criam arcadas que protegem as lojas e os transeuntes da chuva que vai caindo, rematando o toque colonial das avenidas. Não consigo perceber se há mais mulheres ou homens na rua, mas certamente vejo mais homens, aparentemente sem nenhuma ocupação, conversando animadamente nos passeios. Há muitos polícias, mas o caos automobilístico não desaparece.
Ao almoço podemos comprovar a qualidade do pescado fresco grelhado que aqui se consome, com um acompanhamento não menos delicioso que incluiu massa (espirais, mais concretamente) e cebola e nabiças salteadas. O mais chato é ter que levar com o fumo do tabaco... Sim, aqui pode-se fumar. Depois do trabalho finalizado, seguimos para o aeroporto, depois de passar amíude por mais controlos policiais e por 4 controlos seguidos mesmo à entrada do nosso destino. O check-in foi demorado e a espera pelo avião ainda pior... Atraso de duas horas. Para matar o tempo, conversa-se, anda-se e quando a fome apertou comprou-se chocolate Milka, modelo “Dark Alpine Milk Chocolate” e um pacote de “galletas rellenas de crema de fresa” da marca “Elgorriaga” (que parece que existe desde 1700...). Tudo, como puderam ler, produtos argelinos!O vôo foi, no mínimo, massacrante ao ponto de me ter feito enjoar nos últimos 10mn com a ajuda da turbulência. Voámos para o este da Argélia, muito perto da fronteira com a Tunisia, para uma cidade chamada Annaba. As ruas aqui parecem mais desertas, mas os nossos amigos polícias continuam a controlar tudo... Incluindo um dos jipes que faz parte da nossa comitiva, atrasando-nos ainda mais. O nosso “poiso” para as próximas três noites é o Hotel Seybouse, cinco estrelas. Fez-me logo lembrar aqueles prédios nas esquinas da Avenida de Roma quando se vem da Avenida dos Estados Unidos da América, só que um pouco mais alto (estamos todos no 11º piso). Na tradição do mais “kitch” possível, o interior é uma réplica fiel de um edíficio comunista, cuja decoração retro dos quartos nos transporta para um antigo filme de espiões da época da guerra fria. Peculiar, “sui generis”, mas engraçado. Pena a internet respeitar estes pregaminhos e não me deixar postar este longo texto. Vão ter de esperar por amanhã, quando estiver no lobby. Ah! E não houve jantar, por isso contentei-me com o resto das “galletas”...

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